Jazigo dos Viscondes de Valmor vai ser Monumento de Interesse Municipal

Câmara de Lisboa propõe a classificação do mausoléu, projectado em 1900 por Álvaro Machado e localizado no Cemitério do Alto de São João.

A Câmara de Lisboa quer classificar o Jazigo dos Viscondes de Valmor, no Cemitério do Alto de São João, como Monumento de Interesse Municipal. O mausoléu foi projectado pelo arquitecto Álvaro Machado no ano de 1900.

Na proposta que vai ser apreciada na reunião camarária de quarta-feira, os vereadores da Cultura e do Planeamento salientam que este jazigo “é um destacado exemplar da arquitectura funerária da cidade”, “não só pelo seu valor patrimonial como pelo seu valor simbólico”.

Trata-se, diz-se na proposta, de “uma obra ecléctica, de matriz neo-romântica, em consonância com a data da sua concepção, o primeiro período cronológico do século passado”. O Jazigo dos Viscondes de Valmor é também, acrescenta-se, “uma intervenção paradigmática da conjugação das diversas artes”. A esse respeito destacam-se as quatro esculturas, de diferentes autores, esculpidas no exterior do mausoléu, “simbolizando a arquitectura, a escultura, a gravura e a pintura”.

Já no interior, os vereadores Catarina Vaz Pinto e Manuel Salgado relevam os “vitrais polícromos e as pinturas gerais dos paramentos”, bem como “quatro grandes pinturas murais de matriz essencialmente devocional onde também é forte o elogio às artes”.

A proposta de classificação como Monumento de Interesse Municipal termina com a consideração de que este jazigo, “promovido e conduzido nas suas várias fases pelo Grémio Artístico, antecessor da Sociedade Nacional de Belas Artes, tem uma incontornável qualidade conceptual e patrimonial”.

O Jazigo dos Viscondes de Valmor localiza-se no Cemitério do Alto de São João, na freguesia da Penha de França. O “núcleo histórico” do cemitério encontra-se, conforme despacho publicado em Diário da República em Janeiro deste ano, em vias de classificação pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).  

Como se lê num parecer técnico da Unidade de Classificações da DGPC, o cemitério for erguido entre 1839 e 1841 com a principal motivação de “enterrar os mortos da terrível epidemia de cólera-morbus que assolou Portugal na terceira década do século XIX”. Ainda assim, “os primeiros enterramentos” no local são anteriores: foram das “vítimas resultantes dos combates entre liberais e absolutistas travados no Alto de São João, em Setembro e Outubro de 1833”.

“O cemitério do Alto de São João é um bom mostruário da evolução de tipologias e estilos, por vezes plasmados em obras precoces e experimentais, fazendo do recinto um autêntico ‘laboratório de estéticas’ onde estão representados todos os eclectismos do século XIX”, descreve a DGPC, apontando o “Jazigo do Visconde de Valmor” [no singular] como exemplo da “arquitectura revivalista neoclássica”.    

Segundo a mesma entidade, “o monumento foi custeado pela Viscondessa de Valmor, viúva de Fausto Queirós Guedes, diplomata, par do reino, mecenas das artes e criador do prémio de arquitectura com o seu nome”.

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