Já há obras no Caleidoscópio para criar um centro académico e um restaurante

A requalificação do edifício no Jardim do Campo Grande, em Lisboa, custa dois milhões de euros e é financiada pela McDonald's, que aí vai instalar um restaurante com esplanada.

Foto
Futuro centro académico terá zona de estudo que poderá ser utilizada pelos estudantes 24 horas por dia Patrícia Martins

Era a peça que faltava para estar completa a requalificação da zona Norte do Jardim do Campo Grande, em Lisboa: os trabalhos de conversão do antigo espaço comercial Caleidoscópio num centro académico já estão em curso. A obra, com um custo de cerca de dois milhões de euros, é financiada pela Sistema McDonald’s Portugal, que vai instalar um restaurante da marca no edifício formado por módulos hexagonais.

O imóvel foi entregue pela Câmara de Lisboa à Universidade de Lisboa em 2011, numa altura em que era já evidente a degradação do espaço, no qual à data funcionava apenas uma livraria. A ideia era que a transformação do edifício ficasse concluída até ao final do primeiro semestre do ano seguinte, mas as obras acabaram por só começar no passado mês de Julho.  

Já depois de o imóvel ter sido cedido àquela entidade, o município realizou obras de requalificação de toda a zona Norte do Jardim do Campo Grande. Concluídos no final de 2013, esses trabalhos incluíram a substituição do piso existente, o reforço do sistema de iluminação pública, a instalação de um sistema de rega e a colocação de novo mobiliário urbano, bem como a impermeabilização do lago e a criação de um parque canino. Também os campos de ténis e o ringue existentes foram entregues à universidade, que os transformou em campos de padel.

Alheio a esse movimento de regeneração permaneceu o Caleidoscópio, que foi definhando com a passagem do tempo. Mas quem por estes dias passa no Jardim do Campo Grande verifica, até pelo barulho das máquinas que se faz ouvir a grande distância, que as obras há muito aguardadas estão finalmente em marcha.

O edifício está agora rodeado de uma vedação metálica, por cima da qual é possível ver que pouco resta do interior do imóvel projectado em 1971 pelo arquitecto Nuno San Payo e que acolhia lojas, um restaurante e uma livraria. Aquilo que os observadores não conseguirão porventura perceber é o que é que ali está a ser feito ou quem é o responsável pela empreitada, uma vez que no local não há (como o PÚBLICO constatou na passada quinta-feira) qualquer informação afixada.

Respondendo a perguntas do PÚBLICO, a Sistema McDonald’s Portugal informa que a operação de “recuperação e requalificação” do Caleidoscópio, que “resulta de uma parceria” com a Universidade de Lisboa e com o município, começou no dia 13 de Julho e tem uma duração estimada de 12 meses. “Trata-se de um investimento importante que ronda os dois milhões de euros”, diz a empresa, que frisa ter “muito orgulho” por contribuir “para devolver um espaço tão emblemático como este à cidade de Lisboa”.

Nessas respostas confirma-se que no futuro centro académico vai ser criado um restaurante da marca, com “140 lugares sentados na sala e 60 na esplanada”, que “irá ocupar cerca de 23% do espaço total” do Caleidoscópio. Questionada sobre se esse restaurante terá a valência de “McDrive” (que permite aos clientes adquirirem uma refeição sem abandonarem os seus veículos) e sobre como será feito o acesso dos automóveis, a empresa responde que sim, acrescentando que “as questões relacionadas com a preservação do espaço e com o acesso e tráfego foram revistas em conjunto com a Câmara de Lisboa”.  

Já o reitor da Universidade de Lisboa, que diz ter a expectativa de que as obras sejam concluídas em oito e não em 12 meses, entende que a criação deste centro académico será “uma mais-valia importante para a cidade e para a universidade”. António Cruz Serra afirmou ao PÚBLICO que este equipamento se dirige a “alunos de todas as universidades”, que aqui poderão estudar, beneficiando de “infra-estruturas” (como Internet sem fios e impressoras) e com “segurança”.  

Segundo o reitor, a principal valência deste espaço será uma zona de estudo “muito grande”, que se prevê que esteja aberta 24 horas por dia. Haverá ainda um anfiteatro e diversas salas, que os estudantes poderão utilizar para a prática de diferentes actividades, além do já mencionado restaurante. A esse respeito, António Cruz Serra lembra que a ambição da Universidade de Lisboa sempre foi reabilitar o Caleidoscópio sem despender fundos próprios, notando que a parceria com a McDonald’s permitiu concretizar esse objectivo. 
 

Sugerir correcção
Ler 7 comentários