Interesse da Câmara do Porto nos STCP "é manobra de diversão", diz o PCP

Comunistas consideram que o serviço deve permanecer na esfera da Administração Central.

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O PCP considera que a Câmara do POrto nãpo tem capacidade para gerir a STCP Nelson Garrido

O PCP-Porto criticou esta sexta-feira a "postura cúmplice e submissa" de autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP) em relação à estratégia governamental de "desmantelamento" dos transportes públicos, considerando que a candidatura da Câmara do Porto à concessao da STCP é uma "manobra de diversão".

Em conferência de imprensa, o deputado da CDU na Assembleia Municipal do Porto Honório Novo criticou designadamente o presidente da autarquia, Rui Moreira, por estar "meses calado e colaborante" com a estratégia governamental de subconcessão dos transportes públicos do Porto e, sem discussão prévia do assunto, aparecer "de supetão" a anunciar que a Câmara vai concorrer, através de uma empresa municipal, à subconcessão da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto.

"É uma tentativa de atirar areia para os olhos à população, fazendo de conta que está contra uma solução, como se ela passasse a ser boa se o serviço fosse feito pela câmara", frisou o comunista.

Afirmando que a concessão ou privatização da Metro do Porto e da STCP levará à degradação e diminuição do serviço prestado, bem como ao aumento do seu custo para os utentes e para o próprio Estado, a Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP entende que "as experiências de municipalização dos transportes públicos confirmam que esta deve continuar a ser uma responsabilidade da administração central e não local".

Honório Novo referiu que autarcas da AMP "atiram-se a esta candidatura, que tem poucas pernas para andar, procurando fazer passar a ideia de que afinal querem uma solução diferente". Para o comunista, a "sustentação técnica, política, funcional e instrumental" da proposta que está a ser construída pela Câmara do Porto "é mais do que duvidosa".

"E há alguns autarcas, eventualmente mais informados, que também já vieram à praça pública avisar das consequências e dificuldades da apresentação de uma candidatura do Porto", frisou, referindo-se indiretamente, por exemplo, ao presidente de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, que apelidou de "ousada" a candidatura do Porto à subconcessão da STCP, considerando não ter condições legais e financeiras para entrar num negócio que "vai trazer muitos prejuízos para todos".

Gonçalo Oliveira, membro do Comité Central, afirmou que o PCP não acredita que "alguma câmara ou empresa municipal tenha arcaboiço para garantir o financiamento".

O vereador da CDU na Câmara de Matosinhos, José Pedro Rodrigues, responsável pelo pelouro dos transportes e mobilidade, afirmou ser ainda possível "bloquear o processo". "Não acreditamos que soluções apresentadas como um mal menor resolvam o problema. O processo é inaceitável e é possível ser travado. É esse o apelo que fazemos às populações, utentes e a quem quiser", sublinhou, garantindo que o PCP prosseguirá a luta em defesa do serviço público de transportes.

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