Interceptor de esgotos vai melhorar qualidade da água do Rio Tinto

Obra de nove milhões de euros arrancará no próximo ano se a candidatura aos fundos europeus for aprovada.

A construção de um interceptor para melhorar a qualidade da água do rio Tinto, afluente do Douro, deverá ficar concluída em 2018 e envolverá um investimento de nove milhões de euros, foi anunciado esta sexta-feira em Gondomar.

O interceptor será instalado entre a estação de tratamento de águas residuais (ETAR) do Meiral, no concelho de Gondomar, que está sub-dimensionada para a quantidade de efluentes que para ali são encaminhados, e a ETAR do Freixo, no Porto. A candidatura da obra ao Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) será apresentada até segunda-feira.

O empreendimento beneficiará as condições de saneamento de uma zona com 235 mil habitantes, incluindo os residentes na freguesia de Rio Tinto, no concelho de Gondomar, que é a mais populosa da zona Norte de Portugal. A expectativa é a de que, sendo aceite a candidatura ao longo do mês de Setembro, a obra possa arrancar no início do ano.

Esta manhã foi assinado um protocolo de colaboração entre a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e as câmaras do Porto e de Gondomar, às quais caberá pagar 15% do projecto, sendo os restantes 85% suportados pelos fundos europeus.

O ministro do Ambiente e Ordenamento do Território, Jorge Moreira da Silva, que presidiu à cerimónia realizada em Gondomar, sublinhou que “o Tinto é o rio da região hidrográfica do Norte mais degradado ao nível ecológico e químico”.

Ao município de Gondomar o projecto custará cerca de 800 mil euros, enquanto que o Porto entrará com perto de 500 mil. Os autarcas de ambos os concelhos congratularam-se com “uma solução” que beneficiará sobretudo territórios como Rio Tinto e Campanhã e recordaram as iniciativas promovidas pelo Movimento em Defesa do rio Tinto, entre outras associações.

“Aquele é o curso de água que deu nome à região e é o pior da zona Norte. É importante construir o interceptor, mas sobretudo é fundamental devolver o rio Tinto à população”, disse o presidente da câmara de Gondomar, Marco Martins. O autarca, citado pela agência Lusa, salientou que o entubamento e o desvio do leito do rio foi “um dos erros crassos do passado”.

Já o autarca do Porto, Rui Moreira, referiu “a importância do projecto para dar continuidade aos projectos do parque Oriental" do Porto. “O rio, de facto, não está de acordo com os padrões aceitáveis. A zona é muito densa. Precisamos que não se perca tempo porque todos os dias são importantes para o futuro da população”, acrescentou.

Também o representante da APA, Pimenta Machado, disse estar confiante na “resolução de um problema histórico da Área Metropolitana do Porto”, garantindo que ambas as ETAR vão continuar a trabalhar durante os trabalhos de colocação do interceptor. A cooperação entre as várias entidades, nomeadamente autarquias e empresas responsáveis pela gestão local das águas, foi outro dos aspectos salientados na cerimónia. O ministro da Ambiente qualificou este empreendimento como “paradigmático” face ao que o Governo “quer fazer na protecção dos recursos hídricos”.

Por sua vez, Marco Martins (PS) elogiou “a mudança de políticas municipais” quer no Porto, quer em Gondomar, que “permitiu às câmaras juntarem-se e falarem a uma só voz de um problema que é partilhado”, enquanto Rui Moreira falou “numa nova geração de autarcas que não olham para os seus territórios como castelos”.


À margem da sessão, questionado sobre o processo de remoção da quantidade remanescente dos resíduos perigosos depositados em São Pedro da Cova, freguesia de Gondomar, o ministro do Ambiente não adiantou prazos, limitando-se a remeter possíveis novidades para o próximo mês. Moreira da Silva assegurou também que o Ministério Público e os tribunais “continuam a identificar e a responsabilizar aqueles que são os autores materiais daquele passivo ambiental”.

 

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