Impacto da abertura da nova loja Ikea em Loulé vai a consulta pública

Não pára de crescer o número de superfícies comerciais no Algarve. Só em Loulé há mais seis novos pedidos de grandes áreas comerciais enquanto o comércio tradicional declina

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PÚBLICO

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da nova loja do Ikea, em Loulé, que está agregada a um centro comercial, vai estar em consulta pública entre 29 de Abril e 27 de Maio. Esta grande superfície comercial, a implantar no limite deste concelho com o de Faro, junto à Via do Infante, foi reconhecida pelo Governo como projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN) e integra-se no Plano de Urbanização Caliços- Esteval, aprovado pela Assembleia Municipal de Loulé há cerca de um ano.

A multinacional sueca anuncia um investimento na ordem dos 200 milhões de euros, prevendo criar cerca de 3 mil postos de trabalho no conjunto das três lojas do empreendimento: Ikea, centro comercial fechado - com 95 espaços ligados ao sector alimentar, vestuário, perfumaria e restauração - e ainda um centro comercial aberto, com 125 lojas especialmente dedicado à área do vestuário.

Estre projecto junta-se a seis novos pedidos de licenciamento em curso para novas áreas comerciais para o mesmo concelho, o que levou a câmara de Loulé a encomendar um estudo à Universidade do Algarve para avaliar o impacto económico das grandes superficiais comerciais.

A abertura da loja Ikea está prevista para daqui a dois anos. Os promotores têm sido alvo de acções administrativas interpostas pelas associações empresariais do Algarve que tentaram, dessa forma, travar a concorrência. O contra-ataque surgiu há cerca de dois meses, quando o grupo sueco veio a público anunciar que tinha recorrido ao tribunal para pedir indemnizações pecuniárias às associações e às pessoas individuais que teriam ameaçado os seus direitos e interesses.

A menos de meia dúzia de quilómetros do local onde se prevê instalar este centro comercial, com dois pisos, existe um outro – o Forúm Algarve, em Faro. Mais à frente, no sentido de Albufeira, a dez ou doze quilómetros de distância, encontra-se o Algarve Shopping, na Guia, mas a concorrência não fica por aqui. Entre Loulé e Albufeira, perto da antiga fábrica de cervejas Unicer, está para nascer o Algarve Cluster Multiusos, com dimensões idênticas ao centro Ikea, e que prevê uma área comercial, parque temático, centro de eventos e um polo de saúde. O projecto, classificado de Núcleo de Desenvolvimento Económico (NDE), recebeu o parecer favorável da câmara de Loulé e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR- Algarve). Aguarda ainda aprovação da administração central.

De acordo com o EIA, o impacto da abertura da multinacional sueca, na paisagem do barrocal em que se insere, é “relativamente baixo” na medida em que zona já regista uma “elevada humanização e descaracterização”. A construção do empreendimento implica reabilitar a rede dos cursos de água, nomeadamente na ribeira dos Caliços que funciona como efluente da ribeira de São Lourenço.

Os fluxos de trânsito são uma das questões mais controvérsias do projecto prevendo-se, como medida minimizadora, a construção de cinco rotundas para regular o movimento automóvel nas entradas a saídas que dão acesso à Via do Infante e EN 125, embora continue a faltar uma ligação directa de acesso ao centro da cidade de Loulé, que assiste à decadência diária do comercio tradicional.

O projecto, diz o EIA, foi concebido a pensar nos potenciais clientes do Algarve, Baixo Alentejo e sul de Espanha. Ainda de acordo com o estudo sujeito a avaliação pública, sublinha-se que foi “contemplado o tráfego no âmbito do Parque das Cidades (estádio Algarve) e futuro Hospital Central [nas proximidades] mas não foram considerados os impactos de tráfego associados à realização de eventos no estádio Algarve”.

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