"Dead End #15" é a nova peça do roteiro de arte pública

Painel assemelha-se a sinal de trânsito e é a segunda peça do Programa de Arte Pública do Porto

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Dead End #15 é a nova obra que integra o “museu a céu aberto” que se pretende criar no Porto. O painel de João Louro insere-se na série Dead End – Highway Panels e, esta terça-feira, passou a fazer parte da paisagem do passeio da Avenida de D. Afonso Henriques, perto da Estação de S. Bento.

A superfície metálica da sinalização de trânsito que serve de base para o trabalho do artista tem representada uma rotunda que, para João Louro, serve de metáfora e “não aponta para nenhum sítio mas aponta para todos os lados”. Trata-se de um local que traz “muitas possibilidades”. O sinal escolhido “remete para múltiplos sentidos”, assegura o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva.

A obra inclui várias citações de figuras importantes da literatura portuguesa e estrangeira. “É então que se vê o passar do silêncio”, de Sophia de Mello Breyner, “Uterwegs Zur Sprache” (do caminho à fala), de Martin Heidegger, ou “Tomorrow is tomorrow”, do próprio João Louro, são algumas das frases que podem ser lidas no painel.

João Louro explica que cada artista se inspira no “universo que lhe interessa” e que é a “sedimentação de tudo” que constitui a obra. No fim do painel é possível ler-se que “a noite muda a imagem e o sentido”. O artista considera que, quando escurece, o clima passa a ser de “perdição, mutação, revelação”. Neste ambiente, o ser humano passa a reflectir sobre a sua própria condição, sendo “movido por Apolo e Dionísio, duas forças opostas, em que Dionísio representa a escuridão”.

O vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, espera que, tal como com o primeiro painel do roteiro do espaço público, o trabalho de João Louro cause “perplexidade” a quem passe por lá, proporcionando “viagens interiores”. O vereador adiantou que S. Bento, por ser um sítio “onde chegam muitas pessoas que precisam de instruções”, é uma boa localização.

Quem passar na rua apercebe-se da nova forma de arte lá presente e, para os mais curiosos, existe, no chão, uma placa que esclarece o nome e o autor da obra.

Até ao final do ano, a Câmara do Porto pretende inaugurar mais obras nas ruas do Porto e, a partir desses novos projectos, criar um roteiro de arte pública na cidade, que será colocado em posto de turismo e no aeroporto.

Mas esta terça-feira contou ainda com mais uma inauguração. Pouco mais tarde, pelas 18h, foi inaugurado, como o PÚBLICO tinha noticiado no sábado passado, o novo Centro Interpretativo: “O Infante D. Henrique e Os Novos Mundos”. No discurso que antecedeu a abertura do espaço, Paulo Cunha e Silva salientou a inovação do projecto que “articula situações que dificilmente coexistem” com o “cruzamento entre lado gráfico, com tecnologia de comunicação, e peças milenares”.

No espaço, existem vídeos que foram pedidos a quatro artistas, de forma a evocar a figura do Infante. Albuquerque Mendes, Pedro Tudela, João Onofre e Júlio Sarmento são os autores e realizaram trabalhos em que o mar é o elemento central mas é visto de diferentes formas: ora virado ao contrário, ora perpendicular; ora em segundo plano, atrás de um guarda-sol vermelho, ora reagindo a quem o olha de frente.

São várias as atracções da nova zona do museu: um globo sobre a fauna e a flora da Índia e do Brasil associado a um ecrã táctil, uma vitrina interactiva com porcelana chinesa do século XVII e XVIII e uma cópia gigante do primeiro Atlas do Brasil que permite saber mais pormenores acerca das capitanias dos territórios seleccionados.

Os mais novos não foram esquecidos e contam com uma zona mais lúdica em que, por exemplo, rodando os ponteiros de um grande relógio podem ver as suas perguntas respondidas acerca da vida do Infante D. Henrique.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, esteve presente na inauguração e espera que os visitantes passem a conhecer “o cruzamento de saberes proporcionados pelos Descobrimentos Portugueses e o papel do Porto na difusão da cultura portuguesa no mundo, de Ceuta ao Extremo Oriente”.

A nova área interpretativa inclui nove núcleos expositivos que “não se limitam a interpretar o Infante”, garante o vereador da Cultura que espera que as pessoas “mais que se divirtam, que se espantem” ao visitar o “labirinto expositivo”.

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