Há “criaturas das trevas” à solta nos jardins. Esta é a noite para as conhecer melhor

Aproveitando a Noite das Bruxas, que se comemora neste 31 de Outubro, especialistas em animais nocturnos vão fazer visitas guiadas para explicar os hábitos e desmistificar ideias erradas sobre algumas espécies.

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Participantes vão poder saber mais sobre os sapos, por exemplo, entre outros animais Gonçalo M. Rosa/Arquivo

Associados muitas vezes ao azar e à bruxaria, os morcegos, salamandras, aranhas e sapos costumam fazer parte da decoração nas festas da Noite das Bruxas, que se comemora nesta sexta-feira. Em vários pontos do país, investigadores que estudam estes animais vão aproveitar a data para quebrar os mitos sobre as “criaturas das trevas”.

A iniciativa “Noite das Criaturas das Trevas”, que decorre nesta sexta-feira a partir das 21h em vários pontos do país, vai levar centenas de pessoas aos jardins e parques verdes das cidades, de galochas calçadas e lanterna na mão. Os participantes vão ter como guias biólogos e especialistas em animais nocturnos.

“O ponto de partida são os mitos, as ideias que as pessoas têm sobre estes animais. O objectivo é ajudar a percebê-los, explicar por que são nocturnos e tão difíceis de ver, por que fazem barulhos esquisitos que nos assustam à noite”, explica Joel Palhas, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos – Cibio, que lançou a ideia.

“Esta iniciativa começou com o projecto Charcos com vida, em 2012. Quisemos aproveitar a Noite das Bruxas para falar sobre os animais que vivem nestas zonas”, diz o investigador, especialista em anfíbios. A primeira visita, em Aveiro, “correu muito bem”: dois dias de divulgação resultaram em 15 participantes, mais do que o esperado.

No ano seguinte, o Cibio repetiu a dose e desafiou outras entidades a organizar a actividade. Este ano, conseguiu chegar ainda mais longe e envolver desde câmaras municipais a associações de ambiente e escolas em sete localidades: Braga (ponto de encontro no Mosteiro de Tibães), Vila Real (Largo da Câmara Municipal), Vila Nova de Famalicão (Parque da Devesa), Coimbra (Jardim da Sereia), Coruche, Moita (Quinta Ecológica) e Seixal (Verdizela). As visitas começam às 21h (à excepção do Seixal, onde começa às 22h) e a inscrição é gratuita mas obrigatória. Em muitos locais já não há vagas - só em Famalicão estão inscritas 90 pessoas.

Com esta iniciativa, os investigadores esperam “desconstruir os mitos a brincar, para que as pessoas passem a gostar mais destes animais, percebendo como se podem relacionar com eles”, diz Joel Palhas. Os participantes são convidados a irem mascarados a rigor. "A ideia é atrair o público que quer ir a uma festa de Halloween, mas em vez de encontrar morcegos na decoração, vai tentar vê-los ao vivo, ouvi-los e perceber como vivem", refere.

O especialista em anfíbios espera que a ideia se espalhe por todo o país, tendo em conta a enorme adesão que tem tido: "Queremos criar o hábito, sobretudo nas cidades, de levar as pessoas para os parques públicos antes de irem para a discoteca celebrar o Halloween."
  

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