Grupo Cristóvão diz que obra considerada ilegal pela Quercus visa evitar incêndios

O proprietário dos terrenos onde, segundo a Quercus, decorre uma obra "ilegal" em zona protegida junto à albufeira do Castelo de Bode, argumenta que a intervenção visa melhorar o impacto visual e a prevenção de incêndios.

Em resposta à Lusa na sequência da denúncia da Quercus, José Cristóvão, do Grupo Cristóvão, proprietário da estalagem do Lago Azul próximo do qual decorrem os trabalhos, afirmou que os terrenos em causa têm sido alvo de "diversos incêndios, cujos efeitos ainda hoje são perfeitamente visíveis".

O proprietário declarou estar a cumprir a imposição legal que obriga à limpeza dos terrenos, numa intervenção pautada pelo "princípio da boa-fé, em prol da segurança de pessoas e bens, desconhecendo-se a necessidade ou exigência de qualquer tipo de licenciamento, autorização ou comunicação prévia a qualquer entidade administrativa" por entender que os trabalhos em curso não estão "em desconformidade com alguma imposição legal".

Num comunicado emitido esta semana, a Quercus afirmava estar em curso uma obra de escavação e construção de terraços numa encosta de pinhal-bravo situada em Reserva Ecológica Nacional e integrada na zona de protecção do Plano de Ordenamento da Albufeira do Castelo de Bode que "está a destruir a paisagem e a afectar o turismo na Praia Fluvial da Castanheira, no concelho de Ferreira do Zêzere".

Segundo a associação ambientalista, a alteração de relevo foi confirmada pelo Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR, que elaborou um Auto de Notícia por Contra Ordenação remetido para a Administração da Região Hidrográfica do Tejo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para instrução do respectivo processo, "não tendo sido contudo promovido o embargo", situação que a Quercus considera "inaceitável".

Na segunda-feira, a associação remeteu às diversas entidades com responsabilidades nesta matéria um pedido formal de embargo das obras, invocando a violação do regime da REN. O PÚBLICO pediu esclarecimentos à APA, que não respondeu. O presidente da Câmara de Ferreira do Zêzere também não esteve disponível para falar.

José Cristóvão disse à Lusa que a intervenção "não se destina a qualquer investimento no âmbito de exploração agrícola, ou operação urbanística, nem tão pouco para qualquer edificação de estruturas, a não ser recuperar e manter, única e exclusivamente, as que já existiam edificadas, há mais de 40 anos, designadamente uma adega, um lagar, uma casa de caseiro, uma casa de arrumos e um campo de tiro a pratos".

Segundo o proprietário, está em curso um processo de limpeza, "com retirada de pinheiros, eucaliptos e de algumas árvores de fruto, as quais têm vindo a ser substituídas com a plantação de oliveiras, como também se tem procedido à limpeza e alargamento de acessos anteriormente existentes, com o intuito de melhorar o impacto visual, manutenção, e segurança na prevenção de incêndios, reposição e uniformização de toda a estrutura florestal".

José Cristóvão afirma que a continuidade dos trabalhos "é fundamental, uma vez que permitirá melhorar o impacto visual estético muito negativo, originado por zonas ardidas e sem vegetação, permitindo de igual modo melhorar o impacto para todas as estruturas turísticas da região do Lago Azul bem como do respectivo fluxo de turistas que a visitam".

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