Governo "traiu" câmaras do Algarve nas portagens da Via do Infante

A introdução de portagens "bloqueou" as actividades económicas, e as obras de requalificação da Estrada Nacional 125 estão paradas há mais de dois anos.

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As câmaras algarvias aceitaram a introdução de portagens na Via do Infante, sob a condição de a EN 125 ser requalificada Melanie Maps

Contra as portagens na Via do Infante, requalificação na Estrada Nacional 125, já – são duas das conclusões saídas do fórum realizado neste sábado, em Loulé, promovido pela Associação de Utentes da VI. O debate, mais uma vez, chamou a atenção para os constrangimentos de tráfego que se avizinham com o próximo Verão em todas as estradas secundárias.

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (Amal), Jorge Botelho (PS) acusou o Governo de "traição" por ter faltado ao compromisso assumido com os municípios da região, em relação aos melhoramentos na Estrada Nacional (EN) 125.

As câmaras algarvias, depois de alguma hesitação, acabaram por aceitar há cerca de dois anos a introdução de portagens na Via do Infante, sob a condição de, previamente, ser requalificada a EN 125.

"Fomos enganados", disse Botelho, sublinhando que os trabalhos estão parados há mais de dois anos, e sem data para recomeçarem. O ex-presidente da Câmara de Faro José Vitorino, radical, afirmou: "Não podemos estar com 'ses', nem 'mas', temos de dizer não às portagens de forma categórica. A EN 125 não é alternativa à Via do Infante."

Paulo Morais, convidado do fórum, explicou os contornos das Parcerias Público-Privadas (PPP), tendo concluído que se tratou de "um negócio ruinoso para o Estado". Não é por acaso, comentou, que "quase todos ex-ministros das Obras Públicas fazem parte das empresas que fizeram as PPP com o Estado".

Na sequência desta declaração, o presidente da Câmara de Olhão, António Pina (PS), pediu a palavra, mostrando-se indignado. "Há uns filhos da p... que nos andam a roubar."

Mais moderado, o antigo reitor da Universidade do Algarve, Adriano Pimpão, defendeu que deveria haver uma "articulação" entre o discurso reivindicativo da abolição das portagens, com a necessidade de serem retomados os trabalhos da EN 125.

Com a introdução de portagens, o tráfego na Via do Infante caiu para metade. "Deu-se um bloqueio na actividade económica", disse o presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, lembrando que a cobrança nas portagens repercutiu-se negativamente em todos os sectores de actividade da região, especialmente no turismo. Por outro lado, o dirigente da Associação de Utentes, João Vasconcelos, lembrou a "perda de vidas" e o aumento da sinistralidade que se tem vindo a registar na EN 125, uma via cada vez mais congestionada. 

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