Governo e câmaras assinam novo acordo para a despoluição do Alviela

Protocolo prevê a realização de obras no valor de 14 milhões de euros, que têm de estar prontas até ao final de 2015 sob pena de perder os fundos comunitários.

Foto
Descargas poluentes têm manchado o rio nas últimas décadas PÚBLICO

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) assinou na terça-feira com as câmaras de Alcanena e Santarém um protocolo para a reabilitação do Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena e da cascata do Mouchão de Pernes. Estas obras, no valor de 14 milhões de euros, deverão contribuir para a despoluilão do rio Alviela, resolvendo um problema que tem décadas.

O protocolo, homologado pelo ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, surge na sequência de outro acordo celebrado em 2009 entre a Câmara de Alcanena e o Ministério do Ambiente para resolver o problema ambiental do rio Alviela, mas que nunca foi posto em prática.

A verba mais significativa do protocolo - 7,9 milhões de euros - vai para a requalificação da rede de colectores que irá separar os efluentes domésticos dos industriais. O montante em causa vai ser candidatado a fundos comunitários, podendo atingir uma comparticipação de 85%, ficando os restantes 15% da componente nacional da responsabilidade da autarquia.

Outra verba significativa, na ordem dos 5,2 milhões de euros, será gasta na requalificação da célula de lamas não estabilizadas, da responsabilidade da APA e que implicará o transporte e a valorização destes resíduos nos centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos.

À Associação de Utilizadores do Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena (AUSTRA), constituída essencialmente por industriais de curtumes e à qual pertence também o município, caberá arranjar cerca de um milhão de euros para reabilitar a estação de tratamento de águas residuais (ETAR). Neste caso, não está previsto qualquer financiamento comunitário.

O protocolo prevê ainda a reabilitação da cascata do mouchão de Pernes, já no concelho de Santarém, uma obra de 229 mil euros feita com fundos dos recursos hídricos.

A maior dificuldade que se coloca a estas obras é que terão de estar totalmente concluídas a 31 de Dezembro de 2015, sob pena de se perder os fundos comunitários. Jorge Moreira da Silva disse à Lusa que "não há margem para não cumprimento", garantindo que "há um grande compromisso entre todos" e que os projectos vão ser considerados prioritários na reafectação de verbas do Programa Operacional de Valorização Territorial (POVT).

"Este não é apenas um protocolo de compromissos, é um plano de acção", afirmou o governante, lembrando que este é "um problema ambiental de primeira geração", com mais de 30 anos, e explicando que para estas obras avançarem "outros projectos de outros concelhos ficaram sem concretização".

A presidente da Câmara de Alcanena, Fernanda Asseiceira (PS), agradeceu a celeridade e o empenho de todas as partes envolvidas para a resolução deste problema. "Estamos num momento marcante e histórico. Sem esta intervenção, o futuro do concelho de Alcanena estava em causa", comentou a autarca.

O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), salientou que este é um projecto de todas as forças políticas e destacou os quatro meses que demoraram entre a primeira reunião do executivo municipal de Santarém, ocorrida em Dezembro, uma segunda reunião com a Câmara de Alcanena e com o ministro, em 28 de Fevereiro, e a assinatura do protocolo nesta terça-feira.

Sugerir correcção
Comentar