Gondomar e Porto vão estudar alternativas à ETAR de Rio Tinto

Equipamento é insuficiente para os esgotos daquela cidade. Empresa que o gere está a ser alvo de contra-ordenação por descarga poluente.

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A ETAR do Meiral, em Rio Tinto, é insuficiente para tratar esgotos desta cidade do concelho de Gondomar Fernando Veludo/NFactos

As Câmaras de Gondomar e do Porto vão nos próximos dias procurar uma solução para os esgotos da cidade de Rio Tinto, pois a estação de tratamento (ETAR) do Meiral, que os recebe, tem-se mostrado insuficiente para o tratamento destes efluentes. A Agência Portuguesa do Ambiente abriu um processo de contra-ordenação à empresa Águas de Gondomar por causa de uma descarga de esgotos não tratados no rio Tinto, nos últimos dias de 2013.

A Águas de Gondomar (AG), que tem a concessão do abastecimento de água e tratamento dos esgotos do concelho, concluiu no mês passado, com cerca de meio ano de atraso, obras avaliadas em cerca de 4,5 milhões de euros para melhoria da eficácia da estação. Mas a verdade é que, nos últimos dias de 2013, e alegadamente por causa de um corte de energia eléctrica, foi efectuada uma descarga poluente que, segundo o Movimento em Defesa do Rio Tinto, terá atirado para as águas deste afluente do Douro sete milhões de metros cúbicos de esgotos.

Na sequência desta descarga, a APA levantou um processo de contra-ordenação à AG. E, na quinta-feira à noite, numa reunião com a autarquia, a Junta de Rio Tinto e representantes da empresa, as entidades públicas decidiram monitorizar a gestão da Águas de Gondomar (AG) no que se refere a esta ETAR que tem sido alvo de muitos protestos por parte dos habitantes.

“O tratamento físico-químico das águas residuais está já a ser efectuado em pleno, e a componente biológica encontra-se, neste momento, em fase de arranque, sendo previsível o seu funcionamento a 100% entre Fevereiro e Março próximos”, explicou o município, em comunicado, adiantando que será até essa data que a APA e a autarquia acompanharão o trabalho da AG naquele equipamento.

No mesmo comunicado, a autarquia afirma que nos próximos dias, responsáveis da APA e das Câmaras de Gondomar e do Porto voltarão ao local, para avaliação e estudo de possibilidades alternativas ao tratamento que é feito na ETAR do Meiral. A autarquia acaba assim por assumir como verdadeira uma crítica que há muito vem sendo feita ao subdimensionamento daquele equipamento, desde o momento da sua construção, face à população residente em Rio Tinto. Um problema que, pelos vistos, as obras efectuadas não vão conseguir resolver.

Ainda esta sexta-feira, os vereadores da CDU do Porto e de Gondomar, Pedro Carvalho e Joaquim Barbosa, assinalaram precisamente esse problema, numa conferência de imprensa que fizeram à porta da ETAR, depois de o eleito comunista daquele concelho ter visto recusado um pedido de visita ao equipamento. E Pedro Carvalho sugeriu que se ponderasse o tratamento de pelo menos uma parte dos efluentes de Rio Tinto na ETAR do Freixo, no Porto, como acontece já com os esgotos de Fânzeres.

Recordando que esse gesto de cooperação intermunicipal aconteceu quando o comunista Rui Sá era vereador do Ambiente, no Porto, Pedro Carvalho exigiu que este município se envolva com o de Gondomar e de Valongo (onde nasce o rio) para, definitivamente, atacar a poluição e fazer a renaturalização deste curso de água que, lembrou, é importante para o projecto do Parque Oriental do Porto e determinante para a qualidade de vida de um conjunto de freguesias. "É preciso verdadeira cooperação, não gestos de propaganda como o da Frente Atlântica [associação dos municípios do Porto, Gaia e Matosinhos, que o PCP critica], para resolver isto durante a vigência do próximo quadro comunitário de apoio", atirou o comunista.

Já o vereador do PCP em Gondomar exigiu transparência na gestão de um serviço que, sendo gerido por um privado, não deixa de ser público, de modo a garantir que a população seja informada quando acidentes como o de Dezembro acontecem. O autarca disse não compreender por que motivo não lhe foram franqueadas as portas da ETAR. O PÚBLICO fez essa e outras perguntas, por email, à AG, mas, até às 20h desta sexta-feira, ninguém da administração esteve disponível para prestar esclarecimentos.
 
 
 

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