Gaia, Porto e Matosinhos vão cooperar com a RTP no Monte da Virgem

Empresa instala no Centro de Produção do Norte a sede da sua Academia e o Cluster de Indústrias Criativas, num investimento de pelo menos 1,3 milhões de euros.

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Depois de um encontro na RTP, em Dezembro, os autarcas e Alberto da Ponte assinaram esta sexta-feira o protocolo de cooperação Bárbara Raquel Moreira

O Centro de Produção do Norte da RTP, no Monte da Virgem, em Gaia, vai poder acolher já a partir de Setembro novas empresas, ligadas ao sector criativo e à produção de conteúdos audiovisuais em múltiplas plataformas. O presidente da RTP, Alberto da Ponte, assinou esta sexta-feira um protocolo com as câmaras de Gaia, Porto e Matosinhos, que se comprometem a apoiar o desenvolvimento deste Cluster de Indústrias Criativas, considerado uma mais valia para a região, a par do projecto Academia, que ganha também novas condições para ser desenvolvido a partir do Norte.

O protocolo foi também assumido como um primeiro resultado da acção da Frente Atlântica, que reúne os três municípios envolvidos. Guilherme Pinto, autarca de Matosinhos, na mais política das quatro intervenções escutadas ao final da manhã desta sexta-feira, na Câmara de Gaia, considerou mesmo que, com esta iniciativa, “a cidade metropolitana começa a impor-se”. Sem necessitar, considerou, que se fale da união formal das suas cidades.

O autarca que, fora do país, costuma dizer que é o líder do porto do Porto, porque assume que no estrangeiro ninguém conhece Matosinhos, considerou este acordo a prova de que é possível, pondo de lado “rivalidades estéreis”, trabalhar em conjunto, sem perda de identidade. “Vistos à distância, Porto, Gaia e Matosinhos são a mesma cidade”, anuiu, garantindo, contudo, que a região, os restantes municípios, podem contar com este trio que, semana após semana, vai afirmando uma agenda autónoma da Área Metropolitana do Porto.

“Estamos a ganhar músculo”, acrescentou o autarca da casa, Eduardo Vítor Rodrigues, afirmando que os três municípios, sob a liderança dos três autarcas eleitos no ano passado - ele, pelo PS, os outros dois em listas de independentes - “fizeram mais pela região nos últimos três meses” do que os seus antecessores “nos anos anteriores”. E para isso, notou, bastou começar por porem “as vaidades pessoais de lado”.

O autarca de Gaia considerou que a RTP, ao instalar no Porto os dois projectos, está a dar “um sinal inverso ao do paradigma vigente”, que tem gerado “centralização” de recursos em Lisboa, criticou. O autarca vincou que o Centro de Produção do Monte da Virgem “é muito estimado”, simbólica e materialmente, em Gaia, e disse esperar que a instalação de novas empresas nas suas instalações, e a formação de activos prevista no Academia, reforcem a importância da representação nortenha da rádio e televisão públicas.

Rui Moreira disse esperar que, entretanto, outras entidades, como as universidades ou a Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas, a Addict - agora presidida por Vladimiro Feliz, ex-vereador de Rui Rio com o pelouro da inovação - venham a associar-se ao cluster da RTP. Um projecto que, explicou, secundando declarações de Alberto da Ponte, pode gerar trabalho, e visibilidade, no universo RTP, para muitos jovens profissionais da região. O protocolo prevê que as câmaras os encaminhem para o Monte da Virgem.

Alberto da Ponte afirmou que a RTP pretende, com esta iniciativa que implicará um investimento de 1,3 milhões de euros, apoiar a produção independente da região. “Grande parte da energia criativa está no Norte”, disse o presidente da empresa. Pouco depois, Rui Moreira haveria de lhe agradecer o facto de, ainda assim, ter decidido instalar no Norte os dois projectos, “sempre cobiçados por outras regiões”.

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