Feira vai contar a história do rei que expulsou os mouros do país

Viagem Medieval em Terra de Santa Maria dura 12 dias, tem 46 espectáculos diários e visitas guiadas em mandarim.

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Dato Daraselia

O centro histórico da cidade de Santa Maria da Feira está novamente a postos para a maior recriação histórica dos tempos medievais da Península Ibérica. A 19.ª Viagem Medieval em Terra de Santa Maria começa nesta quarta-feira à noite, pelas 22h00, num recinto de 33 hectares decorado como mandam as regras do século XIII e com um castelo no alto. Até 9 de Agosto, são contadas as peripécias de D. Afonso III, rei de Portugal e do Algarve, que expulsou os mouros do território e conquistou o sul do país, através de vários espectáculos construídos de raiz.

Ao todo, 12 dias, 149 horas de animação, 46 espectáculos diários, 1268 apresentações, 27 áreas temáticas, 240 artesãos, 83 grupos participantes, 370 voluntários, 23 tabernas, seis restaurantes e 1,1 milhão de euros no orçamento. Pela primeira vez na sua história, a Viagem Medieval tem visitas guiadas em cinco línguas: mandarim, inglês, francês, espanhol e alemão. E não é por acaso. São esperados, em média, 50 mil visitantes por dia e a organização não esconde a vontade de captar um novo nicho de público estrangeiro, entre turistas e residentes no nosso país. “Sendo Portugal um destino cada vez mais presente na rota do turismo internacional e a Viagem Medieval assumidamente um dos grandes acontecimentos nacionais, reunimos condições ímpares para a internacionalização deste produto cultural, visando a captação de mais turistas estrangeiros”, assume Emídio Sousa, presidente da Câmara da Feira.

Com mais um dia de programa, espera-se ultrapassar a fasquia dos 550 mil visitantes do ano passado e das 233 mil entradas vendidas. Paulo Sérgio Pais, director-geral da empresa municipal Feira Viva, acredita que assim será. A inovação e a surpresa são duas componentes de que a organização não abre mão e que continuam a ser apresentados como elementos diferenciadores num regresso ao passado com cavaleiros, príncipes e princesas, guerreiros, nobres e pedintes. “Temos a ‘sorte’ do formato do evento permitir reanalisar os conteúdos, começar do zero, criar espectáculos de raiz e construir dinâmicas próprias”, refere Paulo Sérgio Pais. “Todos os espectáculos são inéditos”, sublinha, adiantando que este ano a componente infanto-juvenil foi reforçada para contar aos mais novos a história de D. Afonso III e para lhes mostrar a granja dos animais, ou seja, uma espécie de fazenda com ovelhas, gansos, porcos, cães, entre outros animais, instalada nas margens do rio Cáster.

É também nas margens deste rio que O Último Reduto, espectáculo de grande formato, surge todos os dias, a partir das 23h30, para recordar a conquista da cidade de Faro, então em mouras mãos. Nesta missão, D. Afonso III tem a seu lado fiéis cavaleiros, oficiais da casa real, cavaleiros das ordens militares de Santiago e de Avis, alguns clérigos e homens de leis. A estratégia de ataque é combinada e a investida tem sucesso. Há também festins neste regresso ao século XIII, uma exposição de cultura islâmica, torneios com cavaleiros vestidos a rigor, música na capela do castelo, banhos públicos, oficinas para os mais pequenos, um shuk, dança dos véus.

A Viagem Medieval tornou-se um evento auto-sustentável. As entradas são pagas, uma pulseira de cinco euros dá acesso a todos os dias do evento, os bilhetes diários custam dois euros durante a semana e três ao fim-de-semana. Crianças com menos de 1,30 metros de altura não pagam entrada. A organização volta a estar sob alçada da câmara local, da empresa municipal Feira Viva e da Federação das Colectividades de Cultura e Recreio do Concelho da Feira.

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