Feira dos Santos junta milhares em freguesia de Seia para comer torresmos ao ar livre

A tradição mantém-se: visitantes vão à feira comprar a carne, que é depois cozinhada em caçoilas, em fogueiras acesas na mata de Travancinha.

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Visitantes costumam comprar a carne aos feirantes e comem no recinto da feira Sérgio Azenha

A Confraria da Feira dos Santos promove, no sábado, em Travancinha, Seia, um certame anual que junta milhares de pessoas e mantém a tradição da degustação de torresmos, pedaços de carne de porco que são cozinhados em fogueiras ao ar livre.

A Feira dos Santos, realizada todos os anos no dia 1 de Novembro, é também conhecida na região por feira dos torresmos, "porque, antigamente, pelas matas circundantes do recinto, só se viam fogueiras acesas e caçoilas de barro a fazer os torresmos", contou à agência Lusa Joaquim Monteiro, tesoureiro da confraria que promove o certame.

As fogueiras e as caçoilas, onde são confecionados os torresmos, ainda se mantêm na actualidade e a Confraria da Feira dos Santos assume que "tem zelado, promovido e divulgado a feira e a tradição dos torresmos" a ela associada.

Segundo o responsável, o recinto da capela de Nossa Senhora das Virtudes continua a ser um local de encontro de vendedores ambulantes e de confluência de "milhares de pessoas" da região. "Há muita gente que vem à feira só para fazer e comer os torresmos. A tradição ainda se mantém com as fogueiras acesas na mata, as caçoilas ao lume com os torresmos a confeccionar e as pessoas sentadas à volta", relatou.

Joaquim Monteiro explicou que os torresmos são pedaços de carne de porco (da barriga e da pá do animal) cozinhados num molho que leva vinho "do bom", alho, sal, louro e "uma pontinha de piripíri", para quem goste. Os torresmos são servidos da caçoila de barro para o prato e degustados em redor da fogueira onde foram cozinhados, acompanhados com broa caseira ou com batata cozida.

"Neste dia, vêm pessoas de propósito de Lisboa, novos e velhos, para cozinharem e para comerem os torresmos feitos nas fogueiras ao ar livre", disse. Segundo a tradição, a carne de porco utilizada na confecção dos torresmos é comprada aos talhantes que se encontram no recinto da feira anual. "A carne é toda vendida lá, não vai nenhuma de casa nem dos talhos. Nessa feira, aparecem seguramente uns 30, 40 ou 50 talhantes e alguns vendem uma dúzia de porcos", adiantou o responsável.

A Confraria da Feira dos Santos de Travancinha, com cerca de 150 confrades, que adoptou este ano a designação, surgiu no seguimento da antiga Confraria de Nossa Senhora das Virtudes, "que existe há mais de 300 anos" naquela localidade do concelho de Seia, no distrito da Guarda. Para além da feira anual, promove uma feira mensal e iniciativas para as crianças da freguesia, indicou o tesoureiro.

A confraria também zela pela capela de Nossa Senhora das Virtudes e pela área envolvente, em cujo recinto se realiza a feira anual do Dia de Todos dos Santos, que por decisão do actual Governo deixou de ser feriado. A freguesia de Travancinha, que dista cerca de 13 quilómetros da cidade de Seia, situa-se no extremo poente do concelho, no sopé da Serra da Estrela, fazendo fronteira entre os municípios de Seia e de Oliveira do Hospital.

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