Farol mais antigo do país reabilitado em ano e meio

Várias entidades comprometeram-se a avançar com a rebilitação, que poderá custar 400 mil euros.

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O telhado da estação salva-vidas vai ser substituído por uma cobertura plana DRAtelier 15
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Gravura antiga, mostrando o farol assente sobre as rochas
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Propostas do Atelier 15 para a capela-farol de São Miguel-o-Anjo DR Atelier 15

A capela-farol de São Miguel-o-Anjo, na Cantareira, deverá recuperar algum do seu esplendor dentro de um ano e meio, se for cumprida a intenção, assumida esta sexta-feira, de levar a cabo a sua reabilitação. Década e meia depois de o Atelier 15, de Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, ter desenhado um projecto para este monumento do século XVI, o Ministério da Defesa, a administração portuária e a Associação Comercial do Porto (ACP) entregaram nas mãos da Direcção Regional de Cultura a tarefa de levar a cabo as obras de salvaguarda do mais antigo farol português.

Fechado ao público, apesar de estar classificado, o farol renascentista, mandado erguer pelo Bispo de Viseu, D. Miguel, na foz do Douro, em 1527, padecia de um problema grave: o espaço em que se situa tem tutelas várias, e só agora estas se entenderam para permitir a sua recuperação. Essas mesmas entidades anexaram à primitiva torre-capela uma outra torre semafórica (pertença da ACP) e o edifício da estação salva-vidas (da Marinha), que hoje a escondem parcialmente. E mesmo o terrado (da administração portuária), onde está implantado, tem uma cota superior à original, escondendo a base da capela.

Estes “anexos” não vão ser destruídos, como chegou a ser proposto num projecto anterior, recusado pelo antigo IPPAR. Mas a proposta de Alves Costa e Sérgio Fernandez vai à procura de alguns dos aspectos originais daquele espaço. O telhado da estação salva-vidas vai ser substituído por uma cobertura plana, para realçar o alçado poente da capela, e, virado para sul, um corte insinuará uma separação entre os dois volumes, permitindo, ao mesmo tempo, iluminar uma sala do edifício da Marinha que será transformada em centro de interpretação do monumento.

O Atelier 15 teve de rever as estimativas de custos para este projecto desenhado em 2001 e admite-se agora que a obra possa custar cerca de 400 mil euros, segundo a Direcção Regional de Cultura do Norte (DCRN). Alves Costa calcula que o arranjo exterior, que será da responsabilidade da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana, poderia custar uns 300 mil euros. Esse arranjo integraria o rebaixamento de uma parte da área em torno da capela-torre-farol que, originalmente, surgia assente sobre os rochedos, como se pode ver em gravuras anteriores ao século XIX.

A cerimónia de assinatura do contrato entre a Marinha e a Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) foi apadrinhada pelo ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, e pelo secretário de Estado da Cultura. Jorge Barreto Xavier passou parte do dia de sexta-feira em visitas de avaliação de obras em curso em património do Porto, tendo visitado, de manhã, a Igreja de Santa Clara e a Sé Catedral.

O secretário de Estado foi confrontado, em Santa Clara, com a necessidade de avançar rapidamente para uma segunda fase de reabilitação do riquíssimo património barroco desta igreja, que fazia parte do convento hoje ocupado pela PSP. A primeira fase visou corrigir problemas nas coberturas e janelas para acabar com as infiltrações de água que criavam o ambiente ideal para as térmitas, o mais poderoso inimigo de um templo cheio de madeira, mesmo a nível estrutural. A diocese tem tudo preparado para não reabrir a igreja ao culto, após a conclusão desta primeira fase, de modo a que, havendo a verba necessária, as obras de restauro de maior monta possam começar.

A diocese e a Direcção Regional de Cultura estimam que sejam necessários cerca de três milhões de euros para salvar esta jóia escondida do barroco sanjoanino mas a obra terá de ser inscrita nos mapeamentos de intervenções, no sector da cultura e património, a aprovar pela Área Metropolitana do Porto. A DRCN integrou-a na sua proposta de lista, mas esta terá de ser consensualizada com as autarquias da região.   

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