Faixas negras no Príncipe Real contra obras na Embaixada dos Emirados Árabes

Contestação às obras continua a subir de tom.

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Fachada do palácio vizinho da embaixada Tiago Machado

A contestação às obras realizadas na Embaixada dos Emirados Árabes Unidos, na Praça do Príncipe Real, em Lisboa, continua a subir de tom. Na manhã desta quinta-feira, o palacete vizinho acordou coberto de faixas negras, numa das quais se pode ler: “Embaixada dos Emirados agride Património de Lisboa.”

As faixas foram colocadas por ocasião da visita a Portugal de sultão Al Qasemi, o xeque de Sharjah, um dos sete Estados que compõem os Emirados Árabes Unidos. A expectativa dos responsáveis por esta acção de protesto, entre os quais se incluem vários agentes ligados à área cultural, é que o governante se aperceba da contestação e trave o “abuso de poder” em curso.

No centro da discórdia está um conjunto de obras realizadas nos últimos meses pela embaixada, no palacete que ocupa no Príncipe Real, incluindo a instalação de um elevador de acesso à cave e de um barracão de metal. Acontece que esses equipamentos tapam janelas e uma porta do edifício vizinho, cujo dono reclama, aliás, ser proprietário do espaço ocupado.

Acresce que tanto a Câmara de Lisboa como o Ministério dos Negócios Estrangeiros consideram os trabalhos executados ilegais, desde logo por não ter sido solicitado à autarquia o seu prévio licenciamento. 

Esta manhã foi também criada uma página no Facebook, intitulada “Em defesa do Príncipe Real”, na qual podem ser vistas várias fotografias dos trabalhos executados pela embaixada. Em breve deverá ainda ser lançada uma petição, destinada a recolher assinaturas contra aquilo que se diz ser uma situação de “abuso de poder, desrespeito e transgressão”.

A galerista Cristina Guerra, o crítico de arte e curador Alexandre Melo, o artista plástico José Loureiro, o engenheiro João Appleton, o historiador e olissipógrafo José Sarmento de Matos e o cineasta João Botelho são alguns dos nomes envolvidos nesta causa.

Também José Miguel Júdice, que representa o proprietário do palacete vizinho da embaixada, sublinha que não está em causa apenas uma questão particular. “O Príncipe Real é uma das zonas mais preservadas de Lisboa”, diz, considerando que aquilo a que se assiste neste momento é a “uma ofensa da propriedade privada”, mas também a algo que “em termos patrimoniais não se pode fazer”.
 
 

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