Estudantes voltam à Baixa de Coimbra para novos projectos de reabilitação

Colectivo de estudantes de arquitectura quer fazer novas intervenções. Objectivo é estabelecer modelo para a iniciativa Há Baixa ganhe vida própria.

Foto
asm ADRIANO MIRANDA

Em 2017, a Baixa de Coimbra vai voltar a ser alvo de intervenções por parte do colectivo Há Baixa, o grupo de estudantes de arquitectura da Universidade de Coimbra que passou parte do último Verão a recuperar espaços daquela zona da cidade. <_o3a_p>

Depois das obras no pátio interior da cozinha económica, no atelier de costura da dona Glória, na casa do senhor Jorge e na papelaria Sim Sim, o colectivo apresentou na passada terça-feira um balanço da primeira edição da iniciativa Há Baixa (HAB) e lançou bases para uma nova edição, o HAB².<_o3a_p>

O projecto nasceu em 2016 da vontade de um grupo composto maioritariamente por estudantes de arquitectura em fazer algo mais na cidade que o curso e acabou por resultar em várias obras e na dinamização cultural do Largo do Romal. Terminada a primeira experiência, o colectivo quer estabelecer um modelo que possa ser replicado nos anos seguintes. <_o3a_p>

Na próxima edição o objectivo é intensificar a proximidade com as entidades envolvidas, mas também com a população. Para tal, o colectivo quer envolver estudantes de outros cursos, como sociologia ou antropologia. <_o3a_p>

A ideia de abrir um consultório em que estudantes de outras áreas do saber prestassem apoio à população foi avançada aquando do lançamento da primeira edição, mas ainda não se materializou. O objectivo continua a ser responder às “carências da comunidade para além do espaço físico”, sublinha João Peralta, membro do colectivo, mas ainda não há um formato determinado. <_o3a_p>

Estabelecer um modelo que possa ser replicado nos anos seguintes é uma das preocupações. Para já, o grupo quer que o HAB² tenha obras mais leves, uma base de apoio institucional mais sólida e uma componente pedagógica mais forte. O plano estratégico apresentado nesta semana prevê que os trabalhos práticos sejam estruturados de outra forma, tanto para responder às necessidades da comunidade como para distribuir melhor os voluntários que queiram participar. <_o3a_p>

O colectivo prevê fazer três intervenções de maior expressão – à semelhança das remodelações efectuadas nos quatro espaços no Verão deste ano – o que pressupõe a participação dos voluntários ao longo de duas semanas, em Julho.<_o3a_p>

Será também aberto um concurso para a construção de uma estrutura efémera que sirva um propósito semelhante ao do placo modular do Largo do Romal. Como explica Carlos Fraga, estudante de arquitectura, o objectivo é “ter que pensar numa estrutura que se ligue com o espaço” e pensar na sua aplicação”. <_o3a_p>

Outra das novidades é a realização de pequenos trabalhos pontuais, que possam responder a necessidades da população, ao mesmo tempo que permitem a participação de voluntários que não possam despender duas semanas de trabalho. “Pode ser um móvel”, exemplifica João Peralta. Carlos Fraga dá o exemplo de um senhor que, durante a intervenção no Verão passado os abordou e disse que precisava de uma mesa para jogar à sueca. <_o3a_p>

As reuniões dos grupos de trabalho arrancam em Fevereiro e vão até ao começo dos trabalhos no terreno. O colectivo quer que a comunidade estudantil participe no processo desde a elaboração dos projectos, para que quem trabalhe nas obras esteja por dentro do que foi pensado os espaços. <_o3a_p>

Para viabilizar as intervenções os estudantes voltam a procurar apoios materiais junto de empresas e a privilegiar a reutilização de materiais. A criação de um fundo de maneio para materiais e a possibilidade de, se possível, os proprietários fazerem uma participação monetária são ideias que decorrem da experiência da primeira edição.<_o3a_p>

Balanço<_o3a_p>

Na primeira edição, a preocupação não passou apenas pela reabilitação na componente da construção, “mas também no que se passa nos espaços reabilitados”, refere João Peralta. Foi a partir desta premissa que o colectivo fez do Largo do Romal o epicentro da sua intervenção, instalando uma estrutura que serviu de palco tanto a oficinas teórico-práticas relaccionadas com os trabalhos como à programação cultural que acabou se estender até Setembro. <_o3a_p>

Ao longo das intervenções levadas a cabo ao longo de várias semanas do Verão foram algumas as contrariedades, como a limitação de materiais ou as surpresas que iam aparecendo no local da obra. Exemplo disso foi a casa do senhor Jorge, que foi para os estudantes “um ovo kinder”, à medida que os trabalhos iam avançando. <_o3a_p>

O director do departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra, Jorge Figueira, aproveitou para elogiar o trabalho dos estudantes. “O grupo levou até às últimas consequências o que se tinha proposto fazer”, num trabalho que considera ser uma mistura de “romantismo” com “pragmatismo”. Tal como viriam a referir os estudantes, Jorge Figueira diz esperar que a primeira edição “crie uma tradição” e que esta actividade seja replicada. “A Baixa de Coimbra precisa deste tipo de afecto e pragmatismo”, afirma. <_o3a_p>

Sugerir correcção
Comentar