Donos do restaurante Shis, no Porto, propõem rescisão aos trabalhadores

Espaço destruído pelo mar em Janeiro pode afinal não reabrir, ao contrário do que tinha sido apontado na altura.

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O Shis foi totalmente destruído pelo mar, a 6 de Janeiro deste ano Barbara Raquel Moreira

A sociedade que detém o restaurante Shis, na praia do Ourigo, no Porto, quer cessar o contrato de trabalho com os funcionários que trabalhavam no espaço destruído pelo mar durante o temporal de 6 de Janeiro passado. Na altura, uma fonte da gerência garantira ao PÚBLICO que o restaurante seria reconstruído e reabriria até ao Verão, mantendo os postos de trabalho, mas, entretanto, não foi isso o que foi proposto aos empregados.

"Numa reunião realizada na quinta-feira com os trabalhadores, surpreendentemente, a gerência da empresa propôs um acordo de cessação dos contratos de trabalho aos trabalhadores com pagamento de três salários e o modelo para o desemprego, alegando que a companhia de seguros não desbloqueou as verbas necessárias para os salários", revelou esta segunda-feira o Sindicato da Hotelaria do Norte, em comunicado divulgado pela Lusa.

Para o Sindicato da Hotelaria do Norte, a proposta "é inaceitável para os trabalhadores", porque não prevê o pagamento dos "demais direitos bem como das indemnizações devidas". Mais, a estrutura sindical adianta que os donos do restaurante não pagaram os salários de Fevereiro" aos 43 trabalhadores, aos quais deve ainda, acrescenta, “parte dos subsídios de férias e do Natal".

A intenção de cessar o vínculo com os trabalhadores, alguns dos quais na empresa há sete anos, contraria o que fora expresso nos dias seguintes ao temporal. O seguro garante um valor de cerca de dois milhões de euros para limpeza dos estragos, reconstrução e cobertura de lucros cessantes – que inclui o valor a pagar aos empregados. Em Janeiro, fonte da sociedade explicava ao PÚBLICO que os valores em causa dariam para aguentar os postos de trabalho até à reabertura, que aconteceria até ao Verão.

Agora os trabalhadores receiam que o gerente do restaurante “não reabra o estabelecimento", acrescenta o sindicato, que garante ainda que se a gerência do Shis não se comprometer a respeitar os direitos dos funcionários, "estes vão adoptar formas de luta e serão accionados os mecanismos legais". O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar telefonicamente Ricardo Campos Costa, sócio-gerente da empresa que detém também um restaurante no Passeio dos Clérigos.

Contactado pela Lusa, o presidente do sindicato, Francisco Figueiredo, disse não ter conhecimento de outros bares ou restaurantes situados na costa da zona do Grande Porto e atingidos pelo mau tempo nos quais que tenham sido colocados em causa postos de trabalho. "O Shis era o único que funcionava a tempo inteiro, durante todo o ano e foi afectado de forma grave. O mais comum noutros espaços é o recurso ao trabalho sazonal", explicou o sindicalista.

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