Distrital não queria pelouros para o PS no Porto, mas espera "bom trabalho" da coligação com Rui Moreira

José Luís Carneiro garante que no partido se respeita o poder estatutário dos seus órgãos. Discorda, mas respeita decisão do presidente da concelhia.

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José Luís Carneiro aceitou, a contragosto, termos do acordo assinado por Manuel Pizarro com Rui Moreira, no Porto Fernando Veludo/NFactos

A distrital do PS Porto reiterou no domingo à noite que discorda da aceitação de pelouros por parte dos vereadores socialistas da Câmara do Porto, concordando, no entanto, com o acordo “programático” estabelecido pela concelhia com o presidente eleito da autarquia. CDU diz que o PS "deu a mão" à direita no Porto.

O presidente eleito da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira, e o socialista Manuel Pizarro chegaram no domingo a um acordo, com duração de quatro anos, “para o governo da cidade do Porto”, atribuindo “pelouros a vereadores eleitos pelo Partido Socialista”. Domingo à noite, o secretariado distrital do PS/Porto reuniu de emergência para analisar este acordo, encontro no qual esteve presente o cabeça de lista socialista nas eleições autárquicas, Manuel Pizarro.

“O PS do distrito do Porto desde a primeira hora apoiou o estabelecimento de um acordo programático para que ocorresse uma boa governação da cidade. Também é sabido que, publicamente, sempre entendemos que, para que essa boa governação fosse alcançada (...), não era necessário que os vereadores do PS assumissem pelouros ou outras responsabilidades nas entidades municipais”, disse o líder da distrital, José Luís Carneiro, aos jornalistas no final da reunião.

Assim, José Luís Carneiro explicou que a distrital do Partido Socialista concorda com a parte do acordo relativa às questões programáticas, que “sirva a boa governação da cidade”, discordando com “a assunção dos pelouros e de outras responsabilidades” por parte dos vereadores do PS.

“Agora, nesta fase, o que devemos formular é votos para que os vereadores eleitos do PS assumam as suas responsabilidades em plenitude para com a cidade, para que desenvolvam um bom trabalho, por forma a garantirmos o propósito de o PS continuar a ser uma alternativa de Governo nesta cidade”, explicou.

Interrogado sobre a possibilidade de haver qualquer retaliação contra Manuel Pizarro, José Luís Carneiro respondeu que “o PS é um partido plural e que respeita os poderes estatutários dos seus órgãos”. “A comissão política concelhia deu um mandato muito claro para que o seu presidente negociasse um acordo com o dr. Rui Moreira”, justificou.

Já para o vereador da CDU reeleito da Câmara do Porto, com a coligação pós-eleitoral entre o presidente da autarquia e os socialistas, o “PS deu a mão à direita”, viabilizando a continuidade do programa “negativo” de Rui Rio. “O PS, quando se apanhou em funções, viabilizou a política da direita, que vai resultar numa continuidade do programa de Rui Rio, o que é negativo para a cidade”, criticou.

O vereador comunista receia que o “modelo de desenvolvimento que conduziu à desertificação da cidade vá continuar”, manifestando preocupação com um conjunto de dossiers como o Mercado do Bolhão, a cultura e o Rivoli e a habitação social. “Vamos confrontar muitas destas forças políticas com as promessas feitas em campanha. Seremos os mais firmes opositores à política de direita. Vamos estar alerta e apresentar propostas alternativas”, garantiu.

Na opinião de Pedro Carvalho, perante este xadrez político da autarquia, a “responsabilidade da CDU aumenta e a luta também vai ter que ser amplificada”. “Podem contar com a CDU para denunciar, trabalhar e apresentar propostas concretas”, garantiu.

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