Director do Agrupamento de Centros de Saúde de Braga acusado de ter “comportamento colérico”

O mal-estar naquele organismo de Gerês/Cabreira tem-se vindo a acentuar desde há um ano e há muitos profissionais a pedir a demissão de Jorge Cruz. Sindicato dos Médicos do Norte acusa Paulo Macedo de ter nomeado “um capataz” para gerir o agrupamento.

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Médicos contestam director do agrupamento de centros de saúde PÚBLICO

O vice- presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), Rui Cernadas, reuniu-se esta segunda-feira com o pessoal médico do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Gerês/Cabreira, no distrito de Braga, para tentar travar a escalada de conflitualidade que se vive naquele serviço, dirigido por Jorge Cruz, que é muito contestado internamente.

As críticas à gestão do director executivo são variadas e há muitos profissionais a exigir a sua demissão, acusando-o de ter “um comportamento autocrático e colérico, de fazer ameaças e imposições ilegais, e de desrespeitar as autonomias técnicas, funcionais e organizativas dos profissionais e das equipas”.

Horas antes da “reunião geral de pessoal médico”, o Sindicato dos Médicos do Norte (SMN) denunciou o “clima de conflitualidade e de degradação institucional” que se vive naquele agrupamento e responsabilizou o presidente da ARS-N, Castanheira Nunes, e o ministro da Saúde, Paulo Macedo, por terem nomeado para aquele cargo um “capataz” em vez de um profissional com uma formação compatível. “Onde se exigia um líder experiente e sabedor, numa organização muito específica e complexa, a ARS-N e o ministro da Saíde colocaram um capataz”, diz o sindicato em comunicado.

No dia em que se assinalam os 35 anos do Serviço Nacional de Saúde, o SMN refere que “desde há cerca de um ano, no Agrupamento de Centros de Saúde Gerês/Cabreira se vem agudizando um clima de mal-estar, conflitualidade e de degradação institucional verdadeiramente intolerável num serviço público”. Na base desta situação – prossegue o texto – “está a escolha para o cargo do director executivo duma pessoa que, para além de não possuir qualquer experiência no sector e, muito menos, formação compatível, condições exigidas por lei, não detém competências técnicas e de liderança mínimas para o cargo que lhe foi oferecido”.

A escolha de Jorge Cruz para o cargo foi denunciada pelo SMN em Julho de 2012, que se referiu ao caso com um “processo que corporizou um degradante episódio de tráfico de influências e favorecimentos partidários, tendo Barcelos como primeiro ponto de partida”. “Desempregado do cargo de secretário da presidência da Câmara de Barcelos exercido entre 1991 e 2009 e desempenhando funções desde então em tarefas de tesoureiro da estrutura partidária e concelhia [do PSD] (…), Jorge Cruz foi proposto para o cargo pelo actual presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N), Castanheira Nunes, seu correligionário e conterrâneo e, prontamente, nomeado pelo ministro Paulo Macedo”.

No final da reunião, que decorreu em Amares, sede do agrupamento, o PÚBLICO falou telefonicamente com Jorge Cruz, que disse "não estar autorizado a falar", remetendo qualquer informação para a ARS-Norte, que não foi possível contactar.

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