Gasóleo substitui o carvão na máquina a vapor do comboio histórico do Douro

Viagens ao passado sobre carris, entre a Régua e o Tua, começam no dia 4 de Junho e duram até 22 de Outubro

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Rui Farinha/NFACTOS
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A velhinha locomotiva 0186, construída em 1925 na Alemanha e enviada para Portugal como indemnização da I Grande Guerra, está como nova. Brilham os manípulos, tubos, bielas, a pintura acentua-lhe o contraste do negro com os vermelhos e os dourados. E já fumega, claro.

Foi isso que a CP mostrou esta sexta-feira em Contumil (Porto) aos jornalistas na apresentação do comboio histórico que este ano vai regressar ao Douro para fazer a oferta turística de Verão entre a Régua e o Tua. A novidade deste ano é que - quatro anos depois – o comboio é novamente a vapor e o silvo da locomotiva voltará a ecoar no vale do Douro.

A única diferença é que desta vez o combustível que alimentará a caldeira da máquina não será o carvão, mas sim o gasóleo. Em vez de um fogueiro a deitar pazadas de carvão mineral para a boca incandescente da fornalha, há agora uma simples torneira que permite alimentar a caldeira com o gasóleo que está armazenado num depósito de 4000 litros que viaja a bordo da própria locomotiva.

“Isto vai permitir reduzir os custos da operação ao nível logístico porque não precisamos de comprar carvão, de limpar a escórias e as cinzas. A própria tripulação será reduzida de três para duas pessoas e o próprio preço do gasóleo é mais barato do que o carvão”, disse ao PÚBLICO Leão Mendes, director-geral da CP.

Mais há mais vantagens. Agora não vai ser necessário pôr a circular à cauda do comboio histórico um veículo de inspecção com bombeiros para vigiar se algum faúlha em brasa provocou algum incêndio, o que reduz também os custos desta operação.

“Antes uma ida e volta entre Régua e Pocinho consumia 1,5 toneladas de carvão. Agora estimamos gastar apenas 450 litros de gasóleo”, disse o mesmo responsável, que, sem querer revelar números, garantiu que o comboio histórico é “nitidamente rentável” desde 2014.

Composto pela locomotiva 0187 e cinco carruagens antigas (uma de 1908, outra de 1912 e três da década de 1930), esta composição vai circular aos sábados entre 4 de Junho e 22 de Outubro, aos domingos entre 3 de Julho e 25 de Setembro e às quartas-feiras entre 3 e 31 de Agosto. Um bilhete simples custa 37,50 euros (17 euros para crianças) e a CP tem pacotes de preços para quem quiser vir de comboios desde o Algarve, Alentejo, Centro e Norte do país, que variam entre 42,50 e 75 euros.

Este ano a empresa introduziu ainda uma nova modalidade: quem quiser viajar na cabine da locomotiva a vapor poderá fazê-lo por ... 300 euros. A CP conta que não faltarão entusiastas dispostos a despender esta quantia para vivenciar a experiência.

Há ainda a possibilidade de fretar o comboio histórico para viagens particulares tornando assim possível festejar um casamento, um baptizado ou outro evento a bordo. Se o leitor desejar o comboio só para si e para os amigos o custo de uma viagem ida e volta é de 8000 euros.

Na próxima semana, entre segunda e quinta, esta composição estará estacionada na centenária estação de S. Bento, onde poderá ser visitado por quem o desejar, esperando ainda receber 1600 crianças de escolas do Grande Porto.

O sucesso do comboio histórico levou a administração da CP a ponderar a recuperação da locomotiva 0187 (“irmã” da 0186) para alargar esta oferta turística a outras linhas do país, mas, cauteloso, Leão Mendes diz que ainda nada está decidido. Mais perto de um final feliz estará a reactivação de um comboio histórico de via estreita que poderá vir a fazer serviços turísticos na linha do Vouga.

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