Desacatos na Damaia após morte de rapaz de 15 anos

Viatura incendiada e várias montras de estabelecimentos e janelas de prédios destruídas no Bairro 6 de Maio.

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Fernando Veludo/NFActos

A PSP foi chamada na noite de quarta-feira ao Bairro 6 de Maio, na Damaia, Lisboa, para garantir um perímetro de segurança que permitisse aos bombeiros apagar vários focos de incêndios ateados por jovens, que provocaram desacatos na zona. Na origem dos distúrbios esteve a morte de um rapaz de 15 anos, que há duas semanas terá sido sido agredido pela polícia.

O comandante dos Bombeiros da Amadora, Mário Conde, adiantou à agência Lusa que jovens do bairro “formaram barreiras nas estradas com caixotes de lixo e sofás velhos” para impedir a circulação dos meios de socorro, enquanto ateavam fogo a uma viatura, partiam janelas de estabelecimentos comerciais e atiravam pedras a carros que passavam.

Cerca das 02h desta quinta-feira encontrava-se no local uma viatura completamente ardida. A fachada de um prédio na Avenida Dom Pedro IV também sofreu danos. Foram ainda partidas as montras de estabelecimentos e janelas de prédios e encontradas no local pedras e um cartucho de caçadeira, bem como vários contentores de lixo tombados e ardidos, como testemunhou a agência Lusa no local.

Todos os acessos ao bairro estiveram bloqueados com perímetros de segurança montados pela polícia, para evitar que mais viaturas fossem apedrejadas. Nas operações participaram mais de uma dezena e meia de viaturas das autoridades.

Fonte policial adiantou que lhes foi relatado que antes da chegada da polícia foram ouvidos tiros dentro do bairro.

Um grupo de moradores que se encontra no local disse à agência Lusa que os desacatos da última noite estarão relacionados com a morte de um rapaz de 15 anos, que faleceu na quarta-feira numa unidade hospitalar da zona, alegadamente na “sequência de um espancamento”.

Segundo Jessica Alves, ex-cunhada do jovem, este foi internado há duas semanas no hospital “depois de ter sido violentamente espancado por elementos da PSP” durante uma operação no bairro. “Ele já andava, já comia e já estava a ficar bem, mas ontem [terça-feira] rebentou-lhe uma veia, ficou em coma e acabou por morrer”, disse Jessica, de 19 anos.

Uma outra jovem referiu à Lusa que os moradores do bairro estão revoltados, porque apesar do jovem já ter tido alguns problemas com a polícia, “não merecia isto”.

Fonte do comando da PSP disse à Lusa desconhecer qualquer relacionamento entre os desacatos desta noite e a alegada morte do jovem.

Uma outra fonte também da polícia disse à Lusa que “os ânimos estão agora calmos” no bairro. A maioria dos agentes da polícia destacados para o Bairro 6 de Maio foi desmobilizada, mas a PSP vai continuar a acompanhar a situação do bairro, inclusivamente com patrulhas à civil, disse à agência Lusa fonte da corporação.

“O grosso dos meios que ali estava destacado já foi desmobilizado, mas vamos continuar a monitorizar a situação quer através de uma presença mais discreta, quer pela passagem de equipas, algumas delas à civil”, disse a mesma fonte salientando que a polícia não irá “descurar a vigilância”.

A mesma fonte acrescentou que o acompanhamento mais directo será feito pela esquadra da zona que a todo o momento podem mobilizar os meios que entenderem por necessários para garantir a segurança.

Além da PSP, com elementos da Intervenção Rápida e Corpo de Intervenção, estiveram no local elementos dos bombeiros e da protecção civil.

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