Críticas de Nunes da Silva a Manuel Salgado mal recebidas pelo PS

Na origem da troca de acusações entre o ex-vereador e dois autarcas socialistas esteve uma petição sobre um terreno em Telheiras.

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Petição sobre um terreno em Telheiras esteve na origem da discussão Vítor Cid

O PS não gostou das críticas do ex-vereador Nunes da Silva à Câmara de Lisboa, em particular ao vereador Manuel Salgado, pela demora na resolução de um problema urbanístico em Telheiras, que se arrasta há mais de duas décadas. Do vice-presidente da câmara veio uma acusação de falta de “solidariedade” e do líder da bancada socialista na Assembleia Municipal de Lisboa a ideia de que por trás das críticas está uma “questão pessoal”.

Em causa estava a discussão na assembleia de uma petição, que reuniu 335 assinaturas, na qual se exige a construção de um parque de estacionamento subterrâneo na Quinta dos Inglesinhos, num terreno no qual está prevista a construção de um “núcleo desportivo”, com dois campos de ténis e três de padel, um restaurante e estruturas de apoio.

Os peticionários entendem que a concretização desse projecto sem que seja criado um parque de estacionamento no interior do lote, que tem cerca de 2500 m2 e esteve ao abandono durante mais de 20 anos, constitui “uma solução absurda”, que vai “agravar substancialmente” o problema de estacionamento já existente nesta zona da freguesia de Carnide.

Depois de analisar a petição e ouvir os vários intervenientes no processo, a comissão de Mobilidade e Segurança e a de Ordenamento do Território, Urbanismo, Reabilitação Urbana, Habitação e Desenvolvimento Local elaboraram uma recomendação, que foi aprovada esta terça-feira por unanimidade. Nela pede-se à câmara que verifique a possibilidade de “acrescentar lugares adicionais de estacionamento” no exterior do lote e que desenvolva “um estudo de ordenamento e gestão de estacionamento para todo o bairro de Telheiras”. 

“A câmara deve ser felicitada por ter resolvido um problema com 28 anos”, disse o deputado João Pires, do PS, considerando que as críticas feitas ao executivo camarário relativamente à forma como este caso foi conduzido nos últimos anos (nomeadamente pelos peticionários e pelo PCP, que preside à Junta de Freguesia de Carnide) são “injustas e desfasadas da realidade”.

A resposta veio de Nunes da Silva, deputado dos Cidadãos por Lisboa, que afirmou que João Pires “trocou o elogio e louvor à assembleia municipal pela câmara”. “A assembleia municipal fez mais em cinco meses do que aquilo que foi feito pelo pelouro. E mesmo assim foi tirado a ferros”, acrescentou o autarca, criticando o vereador Manuel Salgado, que tem desde 2007 o pelouro do Urbanismo.

“Isto já começa a ser caricato. Já começamos todos a perceber que há aqui alguma questão pessoal”, reagiu o líder da bancada do PS, que deixou a Nunes da Silva (que foi vereador da Mobilidade no segundo mandato de António Costa) “um conselho”: que convidasse Manuel Salgado para tomar um café. Para Rui Paulo Figueiredo, a intervenção do deputado dos Cidadãos por Lisboa foi “totalmente desfasada da realidade”.

“Já estamos fartos de alguns deputados municipais estarem permanentemente a fazer insinuações sobre o trabalho do vereador Manuel Salgado. Se há alguma coisa para se colocar em cima da mesa, que se coloque”, concluiu o autarca socialista. “Não há questões pessoais e se houvesse não eram para aqui chamadas”, contra-argumentou Nunes da Silva, acrescentando que “alguns colegas têm grande prática no circo político-mediático”.

Manuel Salgado não usou da palavra para responder ao seu ex-colega de vereação, nem para se pronunciar sobre a petição que esteve na base desta situação. Quem falou em nome da câmara foi o seu vice-presidente, que dirigiu duras críticas a Nunes da Silva: “Surpreende-me que não tenha solidariedade para com um executivo do qual fez parte”, disse Duarte Cordeiro, garantindo que considera como sua qualquer falha cometida por um colega de vereação.

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