Crianças de Gaia podem estar na escola entre as 7h30 e as 19h30

Autarquia aprova esta segunda-feira o regulamento do programa "Gaia Aprende Mais" e vota protocolos com entidades que vão assegurar actividades extracurriculares

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Nas actividades extracurriculares estão incluídas aulas de inglês para o primeiro ciclo Luís Efigénio/Arquivo

Dezenas de associações e Instituições Particulares de Solidariedade Social de Vila Nova de Gaia vão passar a ser responsáveis por actividades extracurriculares (AEC) e pelo horário de Componente de Apoio à Família (CAF) nos estabelecimentos do pré-escolar e do do primeiro ciclo do concelho, onde as crianças poderão permanecer, se os pais quiserem, das 7h30 até às 19h30. A Câmara de Gaia aprova esta segunda-feira o regulamento do programa Gaia Aprende Mais, que abrange um total de dez mil alunos de 120 escolas e tem um orçamento total de 5,4 milhões de euros.

Do financiamento envolvido, três milhões resultam de investimento directo do município, acrescidos de 1,5 milhões de apoio do Ministério da Educação para as AEC e de 900 mil euros de comparticipações dos encarregados de educação. Numa Câmara com problemas financeiros que a levarão a ter de pedir um empréstimo de saneamento financeiro, o autarca de Gaia, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, assume este projecto como uma prioridade, rejeitando as críticas da oposição, que pôs em causa a forma como foram seleccionadas algumas das instituições que vão assegurar as actividades.

O assunto foi já discutido na última reunião de Câmara. E, nesse momento, o presidente da câmara de Gaia assumiu que a opção comporta um risco de hiperescolarização da vida das crianças. Mas, contabilizados os prós e os contras, a autarquia entendeu que é preferível prolongar, com actividades diversas, a permanência dos alunos nas escolas, respondendo assim às necessidades dos pais que não têm onde os deixar. “É preferível que estejam nas escolas, em actividades lúdicas com outras crianças, do que em casa dos avós, muitas vezes sozinhos, a passar o tempo no Facebook”, atirou o autarca.

Neste novo ano lectivo, as AEC do 1.º ciclo decorrerão como até aqui entre as 16h30 e as 17h30. Neste período, as crianças poderão fazer actividade física e desportiva (uma vez por semana), ensino da música (uma vez por semana), ensino de inglês para as turmas dos 1.º e 4.º anos (uma vez por semana) e duas actividades a seleccionar pelos agrupamentos entre ciência viva, literacia infantil, educação cívica e património local, artes plásticas, expressão dramática, capoeira e prevenção rodoviária.

Já a componente de apoio à família, no ensino pré-escolar, funcionará das 15h30 às 18h30 (período normal) e das 18h30 às 19h30 (extensão com actividade lúdico-desportiva, comparticipada pelos encarregados de educação). No 1.º Ciclo, a componente de apoio à família decorrerá das 7h30 às 9h, com acolhimento dos alunos e distribuição de fruta e das 17h30 às 19h30, neste caso já comparticipada pelos pais. Neste período, “pela primeira vez”, estão incluídas actividades orientadas, desenvolvidas por técnicos habilitados ou associações especializadas.

No desporto estão previstas modalidades como taekwondo, karaté, patinagem, natação, canoagem, entre outras), e actividades para crianças com necessidades educativas especiais, como desporto adaptado, hidroterapia, por exemplo. Anunciam-se ainda horários para xadrez, a expressão dramática ou o mandarim. Segundo a autarquia, “deverão ainda ser considerados, semanalmente, dois dias destinados ao apoio ao estudo e nos restantes haverá um período para a realização dos trabalhos de casa”.

A câmara montou este projecto com envolvimento de associações e IPSS, tentando, segundo Eduardo Vítor, sempre que possível, que cada organização ficasse responsável pelas actividades na freguesia em que actua, o que nem sempre foi possível, explicou. O autarca considera que este é um modelo que permite “dar músculo” às instituições, que, mediante uma contrapartida financeira, vão assegurar as contratações para desenvolver as actividades suplementares. Sendo que deverão recrutar, preferencialmente, os professores das AEC que leccionaram no último ano lectivo, “dando continuidade lógica ao projecto”.

Nos mandatos anteriores, este tipo de actividades eram levadas a cabo pelas associações de pais, mas para Eduardo vítor Rodrigues, esse serviço não está nas atribuições legais destas organizações. Com dúvidas sobre esta justificação, o PSD elogiou o trabalho feito nesta área pelos executivos de Luís Filipe Menezes. “O Município de Gaia foi pioneiro na introdução de actividades de enriquecimento curricular “, lembraram, considerando que o novo modelo só traz novidades na sua forma de operacionalização e nos valores, de que discordam, que são exigidos às famílias para as horas de extensão da CAF.

Para além dis 5,4 milhões de euros a investir no Gaia Aprende Mais, a autarquia mantém um conjunto de despesas na área da educação, como o programa da fruta escolar (250 mil euros), a comparticipação nas refeições escolares (3,6 milhões de euros), os transportes escolares (500 mil euros), apoio a atividades e visitas de estudo (150 mil euros), materiais pedagógicos (100 mil euros), livros escolares (850 mil euros), quadros interactivos e software (400 mil euros), o apoio aos estudantes com necessidades educativas especiais (150 mil euros), entre outras. Valores que a levam a calcular que a despesa anual em educação do município anda na ordem dos 11,4 milhões de euros.

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