CP desiste de cobrar pela bagagem nos suburbanos do Porto

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CP diz que comboios estão abertos às bicicletas, mas nos de longo curso, só como bagagem Adriano Miranda

A medida estava em vigor desde 1 de Fevereiro, mas nunca teve efeito prático. Ao longo destes dois meses e meio nenhum revisor aplicou a taxa de 50 cêntimos pelo transporte de volumes com mais de 30 centímetros por 10 centímetros, ou que excedessem 60 centímetros de largura, conforme previa o regulamento da CP.

Fonte oficial da empresa disse ao PÚBLICO que, “após o período experimental, que se verificou ter conduzido a uma maior sensibilização dos clientes dos comboios urbanos do Porto sobre a forma de transporte das suas bagagens, a CP decidiu retirar esta medida”.

O “experimentalismo” da iniciativa foi uma resposta “às situações frequentes de transporte excessivo de bagagem pelos clientes, ao ponto de provocar impacto no conforto e qualidade do serviço prestado”, conforme explicou a empresa em Fevereiro passado, quando a medida entrou em vigor. Na altura, salvaguardou que o objectivo não era aumentar receitas, mas tão-só dissuadir as pessoas de virem para o comboio suburbano com muitos volumes.

Apesar de ter cobertura legal (Decreto-Lei n.º 58/2008, de 26 de Março), nenhuma outra unidade de negócios da CP decidiu aplicar idêntica taxa. Aliás, o presidente da empresa, Manuel Queiró, tem procurado evitar que as “mini-CP” em que a CP se transformou, tenham actos de gestão muito díspares – de que é exemplo esta medida da CP Porto –, preferindo juntar os vários serviços do ponto de vista operacional para “potenciar o efeito de rede” e oferecer aos clientes um serviço integrado de transportes.

Em entrevista ao PÚBLICO, aquele gestor diz que “quando um cliente entra num comboio está a entrar num serviço assegurado por uma empresa de âmbito nacional, os seus destinos podem por vezes envolver transbordos, mas o que conta é o serviço que vai ter entre a origem e o destino”.

Mas a divisão da CP em unidades de negócios separadas foi tão longe que hoje é difícil voltar a integrar o tarifário da CP Lisboa e da CP Porto porque estas abdicaram de vender bilhetes para os seus percursos, passando a usar o Lisboa Viva e o Andante, neste último caso para parte dos percursos dentro do Grande Porto. 

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