Conforama garante reabertura do armazém destruído pelo fogo em Gaia
Câmara de Gaia pretende ajudar a empresa a reerguer loja que diz ser importante para o concelho. Empresa garante manutenção dos 40 postos de trabalho.
Um enorme armazém comercial da Conforama, em São Pedro da Afurada, Vila Nova de Gaia, ficou ontem completamente destruído por um incêndio de grandes proporções que fez acordar a população em sobressalto. Algumas casas próximas chegaram a ser evacuadas por precaução e um posto de combustível da Galp, situado defronte, permaneceu encerrado.
A Companhia de Sapadores Bombeiros (CSB) de Gaia, que foi alertada pelas 05h30, fez deslocar para o local 46 homens e 17 viaturas dos vários corpos de bombeiros do concelho. Às primeiras horas do incêndio o cenário era assustador, com as chamas a devorarem a cobertura da loja que vendia material têxtil para o lar e electrodomésticos.
“Pedimos às pessoas de duas casas próximas para saírem apenas por precaução. Risco há sempre, mas não havia perigo. O posto de combustível também não abriu”, disse o Comandante da CSB, Salvador Almeida. O incêndio obrigou ainda ao encerramento da Avenida Professor Orlando Ribeiro, onde se localiza o armazém e onde dezenas de funcionários lamentavam, emocionados, o incêndio.
“E agora, o que vamos fazer?”, questionava uma funcionária em lágrimas em conversa com a directora da loja. Nenhum dos funcionários aceitou falar, por instrução da administração da firma.
No exterior, o medo de que as chamadas roubassem também os 40 postos de trabalho era grande. Porém, a empresa apressou-se a assegurar que tal não irá acontecer. “Os empregos estão garantidos. Não temos nenhuma dúvida. Nenhum trabalhador da Conforama é o responsável por este incêndio. Mas é normal que estejam preocupados”, disse ao PÚBLICO o director-geral ibérico, Manuel Estevez, que chegou após o almoço, vindo de Espanha.
O responsável assegurou ainda que a empresa realizará uma reunião na próxima semana para conversar com os funcionários. “Vamos fazer todos os esforços para continuar em Gaia”, referiu. Os engenheiros da Conforama e os peritos da seguradora contratada realizam esta quinta-feira uma peritagem ao edifício, segundo Estevez, que ainda não sabe até quando os funcionários terão de ficar em casa.
Em redor do armazém, a preocupação de que as chamas pudessem atingir as casas que o assomam num socalco traseiro fez alguns moradores retirarem os veículos das garagens e esperarem com a família pela extinção do fogo.
“Acordei com o barulho. Quando acordei estava muito vento e fumo por todo o lado. Ouvi estouros. Vim cá fora às 6h30 e vi tudo a arder. Já isto estava cheio de bombeiros. Nunca houve aqui nenhum problema”, disse, surpreendido, António Martins, enquanto caía uma chuva carregada.
“Bem que podia cair mais chuva”, suspirava o comandante Salvador Almeida. De acordo com os bombeiros, não se registaram feridos. Já pelas 10h00, iniciaram-se os trabalhos de rescaldo, que se prolongaram até meio da tarde desta quarta-feira com a retirada de longas paredes de chapa. Os bombeiros admitiram não conseguir adiantar de imediato a origem do incêndio, apesar de Salvador Almeida garantir não ter visto “qualquer indício de fogo posto”.
A Polícia Judiciária (PJ) esteve no local e continuava ainda ao final do dia a realizar perícias. Fonte da PJ disse ao PÚBLICO não ser ainda possível apontar com toda a certeza o cenário de acidente ou de crime. No local, alguns populares apontavam como suspeita a presença de bidões de gasolina na cave que servia de garagem ao armazém. Aliás, a PJ realizou desde logo as primeira perícias nesse local.
“Ainda não sabemos qual é a origem do incêndio, mas o mais importante é que não houve feridos. Isso é o mais importante para nós, apesar de existirem danos materiais muito elevados. A loja ficou completamente destruída”, lamentou, por seu lado, Estevez, assumindo não existir para já uma data apontada para o inicio da reconstrução da loja.
Preocupada com os postos de trabalho, a Câmara de Gaia (CMG) disponibilizou todos os meios necessários para auxiliar na reconstrução da loja de “referência no concelho” e o autarca Eduardo Vítor Rodrigues assumiu a vontade de isentar a empresa de quaisquer taxas de licenciamento devidas pelo processo.
A Conforama anunciou recentemente a intenção de mais do que duplicar o número de trabalhadores em Portugal nos próximos três anos, dos actuais 160 para 400. Nos planos da cadeia de lojas de mobiliário, do grupo sul-africano Steinhoff, está a abertura de seis novas lojas até 2017, ano em que a empresa terá um total de dez unidades. Manuel Estévez estimava na altura um crescimento esperado de de 10% nas vendas a registar este ano em Portugal.