Conforama garante reabertura do armazém destruído pelo fogo em Gaia

Câmara de Gaia pretende ajudar a empresa a reerguer loja que diz ser importante para o concelho. Empresa garante manutenção dos 40 postos de trabalho.

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Fernando Veludo/NFactos

Um enorme armazém comercial da Conforama, em São Pedro da Afurada, Vila Nova de Gaia, ficou ontem completamente destruído por um incêndio de grandes proporções que fez acordar a população em sobressalto. Algumas casas próximas chegaram a ser evacuadas por precaução e um posto de combustível da Galp, situado defronte, permaneceu encerrado.

A Companhia de Sapadores Bombeiros (CSB) de Gaia, que foi alertada pelas 05h30, fez deslocar para o local 46 homens e 17 viaturas dos vários corpos de bombeiros do concelho. Às primeiras horas do incêndio o cenário era assustador, com as chamas a devorarem a cobertura da loja que vendia material têxtil para o lar e electrodomésticos.

“Pedimos às pessoas de duas casas próximas para saírem apenas por precaução. Risco há sempre, mas não havia perigo. O posto de combustível também não abriu”, disse o Comandante da CSB, Salvador Almeida. O incêndio obrigou  ainda ao encerramento da Avenida Professor Orlando Ribeiro, onde se localiza o armazém e onde dezenas de funcionários lamentavam, emocionados, o incêndio.

“E agora, o que vamos fazer?”, questionava uma funcionária em lágrimas em conversa com a directora da loja. Nenhum dos funcionários aceitou falar, por instrução da administração da firma.

No exterior, o medo de que as chamadas roubassem também os 40 postos de trabalho era grande. Porém, a empresa apressou-se a assegurar que tal não irá acontecer. “Os empregos estão garantidos. Não temos nenhuma dúvida. Nenhum trabalhador da Conforama é o responsável por este incêndio. Mas é normal que estejam preocupados”, disse ao PÚBLICO o director-geral ibérico, Manuel Estevez, que chegou após o almoço, vindo de Espanha.

O responsável assegurou ainda que a empresa realizará uma reunião na próxima semana para conversar com os funcionários. “Vamos fazer todos os esforços para continuar em Gaia”, referiu. Os engenheiros da Conforama e os peritos da seguradora contratada realizam esta quinta-feira uma peritagem ao edifício, segundo Estevez, que ainda não sabe até quando os funcionários terão de ficar em casa.

Em redor do armazém, a preocupação de que as chamas pudessem atingir as casas que o assomam num socalco traseiro fez alguns moradores retirarem os veículos das garagens e esperarem com a família pela extinção do fogo.

“Acordei com o barulho. Quando acordei estava muito vento e fumo por todo o lado. Ouvi estouros. Vim cá fora às 6h30 e vi tudo a arder. Já isto estava cheio de bombeiros. Nunca houve aqui nenhum problema”, disse, surpreendido, António Martins, enquanto caía uma chuva carregada.

“Bem que podia cair mais chuva”, suspirava o comandante Salvador Almeida. De acordo com os bombeiros, não se registaram feridos. Já pelas 10h00, iniciaram-se os trabalhos de rescaldo, que se prolongaram até meio da tarde desta quarta-feira com a retirada de longas paredes de chapa. Os bombeiros admitiram não conseguir adiantar de imediato a origem do incêndio, apesar de Salvador Almeida garantir não ter visto “qualquer indício de fogo posto”.

A Polícia Judiciária (PJ) esteve no local e continuava ainda ao final do dia a realizar perícias. Fonte da PJ disse ao PÚBLICO não ser ainda possível apontar com toda a certeza o cenário de acidente ou de crime. No local, alguns populares apontavam como suspeita a presença de bidões de gasolina na cave que servia de garagem ao armazém. Aliás, a PJ realizou desde logo as primeira perícias nesse local.

“Ainda não sabemos qual é a origem do incêndio, mas o mais importante é que não houve feridos. Isso é o mais importante para nós, apesar de existirem danos materiais muito elevados. A loja ficou completamente destruída”, lamentou, por seu lado, Estevez, assumindo não existir para já uma data apontada para o inicio da reconstrução da loja.

Preocupada com os postos de trabalho, a Câmara de Gaia (CMG) disponibilizou todos os meios necessários para auxiliar na reconstrução da loja de “referência no concelho” e o autarca Eduardo Vítor Rodrigues assumiu a vontade de isentar a empresa de quaisquer taxas de licenciamento devidas pelo processo.

A Conforama anunciou recentemente a intenção de mais do que duplicar o número de trabalhadores em Portugal nos próximos três anos, dos actuais 160 para 400. Nos planos da cadeia de lojas de mobiliário, do grupo sul-africano Steinhoff, está a abertura de seis novas lojas até 2017, ano em que a empresa terá um total de dez unidades. Manuel Estévez estimava na altura um crescimento esperado de de 10% nas vendas a registar este ano em Portugal.

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