Mercado temporário dos comerciantes do Bolhão será no antigo Gran Plaza

Durante dois anos, o mercado do Bolhão estará em obras pelo que era necessário encontrar uma casa temporária para os vendedores.

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O projecto e o calendário das obras do bolhão será conhecido dentro de dias Paulo Pimenta

No segundo trimestre de 2017 os comerciantes do Mercado do Bolhão deverão instalar-se, pelo prazo esperado de dois anos, no piso -1 do centro comercial La Vie, o antigo Gran Plaza, na Rua de Fernandes Tomás. Foi esta a solução definitiva encontrada pela Câmara do Porto para alojar os vendedores, enquanto decorrem as obras de restauro e modernização do edifício classificado, no centro da cidade. Quando regressarem ao Bolhão renovado, estes “resistentes” vão pagar “o mesmo que pagavam há dez anos”.

A garantia foi dada pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, numa reunião extraordinária do executivo para fazer um ponto da situação do projecto e divulgar o trabalho que tem sido feito pelo Gabinete do Mercado do Bolhão, instalado no edifício desde Novembro de 2014. São os membros deste gabinete que têm acompanhado, caso a caso, cada um dos vendedores, ouvindo as suas queixas e expectativas e apresentando-lhes a proposta que a câmara tem em cima da mesa, revelaram Cátia Meirinhos e Francisco Rocha Antunes. Em Setembro está prevista uma 3.ª ronda de entrevistas individuais, para que cada um dos 93 vendedores do interior do mercado possa dizer o que quer – em cima da mesa está a escolha do lugar que irão ocupar e o tipo de produtos que poderão vender, já que existirá uma categorização renovada.

Rui Moreira defendeu a escolha do La Vie, nas proximidades do Bolhão e com ligação directa ao metro, afirmando: "É uma solução que nos vai permitir alojar temporariamente os comerciantes do terrado, mas também os das lojas, ajudando a viabilizar um centro comercial que está numa situação difícil."

Para receber os comerciantes, o espaço onde já funcionou a Media Market vai ser adaptado, num investimento que rondará 1,5 milhões de euros e que deverá ser implementado no 1.º trimestre do próximo ano. Cátia Meirinhos explicou que toda a área será dotada de bancas novas, que serão posteriormente reutilizadas noutros espaços, e o consultor Francisco Rocha Antunes afirmou que, no primeiro ano de transferência, os vendedores irão continuar a usufruir do desconto de 40% nas licenças que está actualmente em vigor, baixando depois essa benesse para 20%.
No regresso ao Bolhão renovado os comerciantes terão de pagar o mesmo valor que pagavam antes da degradação do espaço ter levado a autarquia a optar por descontos mensais – 5,91 euros por metro quadrado.

Com um grupo de vendedores profundamente envelhecido – a idade média é de 67 anos e 47% deles já ultrapassou a idade da reforma – a câmara quer reactivar a possibilidade de as licenças precárias serem transmitidas aos familiares dos vendedores e também aos seus auxiliares, ao mesmo tempo que se prepara para abrir um concurso para cativa novos comerciantes. Em resposta a uma dúvida do vereador da CDU, Pedro Carvalho, Rui Moreira esclareceu que não existirão “quaisquer condições de excepção” para vendedores que tenham, entretanto, abandonado o espaço e pretendam voltar.

O futuro Mercado do Bolhão manter-se-á público e como um mercado de frescos, na zona do terrado. No piso superior está prevista a abertura de restaurantes e cafés, com esplanadas, além de uma área que poderá ser usada para a venda de produtos sazonais, na ala Norte, junto à entrada pela Rua de Fernandes Tomás.

Além da instalação da cave técnica e de novos acessos (a abertura directa ao metro e a construção de elevadores) vai ainda ser criado um novo passadiço de ligação no piso intermédio, entre a Rua de Sá da Bandeira e a de Alexandre Braga. As barracas do terrado “inadequadas” ao futuro mercado serão retiradas e substituídas por alternativas que irão estender-se ao longo as actuais vias de atravessamento do mercado, com uma nova solução leve em vidro que irá permitir que qualquer comprador que chegue, por exemplo, pelo metro “possa fazer todo percurso de compras sem se molhar” no caso de estar a chover, esclareceu o coordenador do projecto, Nuno Valentim.

Com um custo global de 27 milhões de euros, que será garantindo na totalidade pela autarquia, se não existirem fundos comunitários, a empreitada do Bolhão arranca no dia 1 de Agosto, com um conjunto de obras no subsolo que implicam o desvio de uma linha de água que passa pelo edifício – e que, frisou Cátia Meirinhos, “teria de ser feita mesmo que o Bolhão não fosse reabilitado”. De acordo com o cronograma elaborado pelo Gabinete do Mercado do Bolhão, o mercado temporário deverá ficar concluído até ao final do 1.º trimestre de 2017, altura em que os comerciantes serão todos transferidos para ali, já com as novas regras referentes ao tipo e produtos que poderão vender. A partir de Abril devem então arrancar, em simultâneo, as obras de construção do túnel de acesso à cave logística e a reabilitação do edifício histórico, prevendo-se a conclusão desta última obra para o final do 1.º trimestre de 2019.

Francisco Rocha Antunes afirmou – em resposta ao vereador do Desenvolvimento Económico e Social, Ricardo Valente – que os futuros custos de manutenção do mercado “são compatíveis com uma taxa de ocupação do mercado de 80%”, e Rui Moreira frisou que a câmara não espera reaver o valor do investimento que irá fazer. Ainda assim, o autarca disse contar com “merchandising e mecenato” para ajudar a financiar os custos de manutenção do edifício.    

Saudada por vários membros do executivo, a solução em marcha para o mercado do Bolhão prevê a manutenção de todos os actuais comerciantes e aposta em voltar a fazer do local “a referência de qualidade e sabor de produtos alimentares do Porto”, explicou Francisco Rocha Antunes. Para isso, disse: “É fundamental contarmos com o saber acumulado dos vendedores, com a personalização. Não vamos poder competir em preços, temos que apostar nos sabores”. O Bolhão com “prioridade aos residentes e não aos turistas” terá horários alargados e lojas exteriores que se querem cada vez mais voltadas para os produtos alimentares. Rocha Antunes explicou que isto não implica que os actuais comerciantes vão ser obrigados a mudar de ramo, mas que eventuais lojas que venham a vagar serão ocupadas por áreas ligadas à alimentação. 

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