Cinco animais de espécies protegidas feridos a tiro em Castelo Branco

Segundo a Quercus, a esmagadora maioria destes casos "são intencionais".

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A caça tem vindo a tornar-se uma actividade cada vez mais para elites Enric Vives-Rubio

A associação ambientalista Quercus recebeu no Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens de Castelo Branco (CERAS), desde Setembro, cinco animais de espécies protegidas feridos a tiro, anunciou hoje a organização.

"Este ano, desde que abriu a época de caça, concretamente desde Setembro, temos cinco animais [de espécies protegidas] feridos a tiro, entre os quais uma águia-cobreira e uma águia-calçada", disse hoje à agência Lusa Samuel Infante, da Quercus.

Segundo o ambientalista, a esmagadora maioria destes casos "são intencionais".

"Poderá haver, residualmente, algum acidente, nomeadamente com animais de espécies protegidas mais pequenos e de voo rápido, mas na maioria dos casos estamos a falar de espécies como abutres ou águias que não se confundem com nenhuma espécie cinegética", adiantou.

O responsável pelo núcleo da Quercus de Castelo Branco explicou que nos últimos anos tem havido um decréscimo no número de espécies protegidas feridas a tiro.

Em 2013, o CERAS recebeu seis animais de espécies protegidas feridos ao longo de todo o ano.

Contudo, este ano, esse número já foi praticamente atingido, apesar de terem passado pouco mais de dois meses desde que abriu a época da caça.

Samuel Infante mostra-se preocupado com esta situação e fala mesmo em "falta de informação e de formação" de alguns "pseudo-caçadores que cometem este tipo de crimes".

A Quercus de Castelo Branco, no âmbito da iniciativa 15-15-15 (15 anos, 15 ameaças e 15 medidas de protecção da biodiversidade), tem trabalhado com os caçadores, população em geral, grupos escolares e autoridades, no sentido de tentar acabar com esta prática ilegal.

Os grupos de fauna mais afectados que deram entrada no CERAS foram as aves de rapina e alguns mamíferos.

Ao longo dos 15 anos de existência do CERAS, Samuel Infante refere ter-se “assistido a uma redução gradual da percentagem de animais que dão entrada no centro por esta ameaça, que, em 1998, era de 12% e, em 2013, foi de 7%".

Segundo o ambientalista, esta redução pode estar relacionada com um maior respeito e formação dos caçadores, e por uma diminuição no número de caçadores que baixou de 350 para 125 mil nos últimos 20 anos.

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