Ciência, arte e publicidade unidas para revelar os segredos da luz de Lisboa

Primeira exposição sobre a luz que inspira poetas, fotógrafos e cineastas vai ocupar o Torreão Poente do Terreiro do Paço entre Julho e Dezembro.

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Exposição inclui também palestras, sessões de cinema com filmes gravados em Lisboa e até passeios de barco no Tejo Miguel Manso

A luz de Lisboa é um dos ícones da capital mas a sua origem permanece misteriosa, embora não faltem teorias para a explicar. Para reflectir sobre este fenómeno que inspira poetas, pintores, fotógrafos e cineastas, e encanta habitantes e forasteiros, a Câmara de Lisboa vai organizar a primeira exposição sobre o tema aliando a ciência às artes e à publicidade, e aproveitando a celebração do Ano Internacional da Luz.

A exposição temporária, que vai ocupar o Torreão Poente do Terreiro do Paço de 15 de Julho a 18 de Dezembro, terá duas perspectivas essenciais: científica, baseada em tecnologias, gráficos e dispositivos interactivos que vão ajudar a explicar como se forma a luz típica da cidade; e artística, assente na cultura visual dos séculos XX e XXI, em particular na forma como as artes plásticas e o cinema reflectiram sobre o assunto. Estão previstas palestras, passeios de barco no Tejo para admirar a luz reflectida no casario e sessões de cinema.

“Um dos primeiros filmes sobre o tema foi A Cidade Branca, do suíço Alain Tanner, nos anos 80, e foi a partir daí que se começou a falar na luz de Lisboa”, afirmou a vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, na apresentação da exposição nesta sexta-feira.

O director de fotografia desta co-produção luso-suíça – na qual Lisboa surge mais como personagem do que como cenário – foi Acácio de Almeida, que é agora um dos comissários da exposição. “O filme era um olhar particular e despreocupado mas que ao mesmo tempo procurava o sentido da vida, e é esse sentido que vamos também agora tentar descobrir”, observou.

“Que a luz de Lisboa é especial, toda a gente sabe. Sabemos que há qualquer coisa de mágico. O desafio é tentar perceber o que é, através da ciência”, comentou Ana Eiró, professora catedrática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e ex-directora do Museu de Ciência desta universidade. A especialista em física nuclear, também comissária da exposição, explica que o objectivo é “olhar para a luz e perceber que factores podem influenciar este fenómeno, como as horas de sol, os materiais, a cor”.

A capital portuguesa tem cerca de 3000 horas de sol por ano, um número superior à média das cidades europeias, mesmo no Inverno. O espelho de água do Tejo que fica aos pés da cidade e a disposição do casario, a par das fachadas de cores claras, podem ajudar a explicar a luz forte que preenche o imaginário de quem visita Lisboa.

“Provavelmente não vamos dar respostas, vamos antes ficar com mais perguntas, mas vamos tentar que os visitantes se envolvam e pensem no tema, esperamos também envolver as escolas”, declarou Ana Eiró, concordando com a vereadora acerca da dificuldade da tarefa. "É uma ideia que já tínhamos há muito tempo, difícil de concretizar, mas é um tema muito aliciante e vai ser uma exposição muito interessante", considerou Catarina Vaz Pinto.

Outra perspectiva desta exposição está relacionada com a publicidade, em filme ou cartaz, e conta com a parceria do programa Imagens de Marca, da SIC. "Temos 11 anos de antena e um enorme arquivo de publicidade nacional e internacional" no qual Lisboa tem lugar de destaque, afirmou Cristina Amaro, apresentadora e autora do programa, revelando que algum material já seleccionado para a exposição é "surpreendente". "Vamos ver Lisboa a preto e branco nos filmes antigos, anúncios internacionais filmados cá. Temos verdadeiras obras de arte."

A exposição terá entrada paga (três euros) e vai ter o envolvimento de vários departamentos da câmara e do Museu de Lisboa, além do apoio da Fundação EDP e a parceria com outras instituições como o Museu Nacional de Arte Contemporânea, a Cinemateca e o Cinema São Jorge.

 

 

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