Centro histórico de Viseu transformado em “estaleiro-escola”

Viseu vai ter o primeiro estaleiro-escola do país. Centro histórico vai ser o “laboratório” de alunos de Arquitectura e de cursos de formação profissional.

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É a primeira edição do orçamento participativo do município Paulo Ricca/Arquivo

A Universidade Católica e a Câmara querem criar em Viseu o primeiro estaleiro-escola do país. Uma espécie de “laboratório” onde estudantes de arquitectura e de outros cursos de formação profissional podem aplicar os seus conhecimentos em contexto real. Este é um conceito já testado com sucesso em França e que está direccionado para a recuperação do património.

Através do estaleiro-escola, os alunos de Arquitectura vão desenvolver projectos de reabilitação para edifícios degradados da cidade de Viseu, intervindo igualmente em imóveis cujos proprietários não têm capacidade económica para avançar com a requalificação. Permitirá também que alunos de cursos profissionais complementem o seu percurso com acções de formação prática realizadas em obras. As intervenções só deverão estar no terreno em 2015, estando neste momento os parceiros a delinear o seu enquadramento financeiro que deverá ser sustentando por fundos comunitários.

O “Viseu estaleiro-escola” é assumido como um reforço para a regeneração urbana de Viseu, designadamente do centro histórico, servindo, ao mesmo tempo, para valorizar os quadros científicos do Centro Regional da Universidade Católica Portuguesa no domínio da arquitectura.

“Vamos ter os estudantes com um ensino mais próximo da realidade e a dar um apoio social para a própria cidade”, explicou Ana Pinho, coordenadora do Mestrado Integrado de Arquitectura. A docente espera que este projecto ajude a diferenciar o curso que tem estado nos últimos dois anos a passar por uma reestruturação. “Este vai ser o único curso do país com estas duas vertentes”, disse, admitindo que se não fosse “esta actualização” o curso correria o risco de encerrar. Actualmente, o curso é composto apenas pelo Mestrado Integrado frequentado por 50 alunos.

O presidente da Câmara de Viseu realçou o “carácter inovador e integrado do estaleiro-escola de Viseu” e o seu enquadramento no próximo QREN, para efeitos de financiamento comunitário. “Este projeto é uma réplica aos desafios da Europa 2020, ‘Viseu Estaleiro-Escola’ tornará a cidade mais inteligente, mais sustentável e mais inclusiva”, sublinhou Almeida Henriques que admitiu tratar-se de uma “ambição” que agora vê concretizada.

O autarca explicou que o projecto terá um modelo de funcionamento inovador, que alia os objectivos de qualificação dos recursos humanos, combate ao desemprego e ao abandono escolar e colmatação das necessidades de formação do sector, com o apoio social às populações vulneráveis, melhoria da qualidade de vida e preservação do património cultural público.

O primeiro estaleiro-escola do país resulta da parceria entre o Município, o Centro Regional da Universidade Católica Portuguesa em Viseu, o GECORPA — Grémio do Património e a Associação Empresarial da Região de Viseu (AIRV).

A coordenadora do Mestrado de Arquitectura admitiu estar com “grandes expectativas” relativamente a este projecto que vai de encontro a outras iniciativas que estão a ser desenvolvidas no âmbito do Curso. Entre elas, o projecto Terra Amada, uma iniciativa que se centra no desenvolvimento de acções de voluntariado com o objectivo de realizar intervenções de conservação e reabilitação em aldeias. Até agora já foi reabilitada a aldeia de Covas do Monte, em S. Pedro do Sul, e está em progresso as intervenções na pequena localidade de Vale de Papas, uma aldeia com apenas 30 habitantes.

Uma requalificação que não passa só pela intervenção nas casas, mas engloba também a dimensão de social. No que respeita à intervenção física, estão incluídas obras que permitam levar água canalizada à aldeia, dotá-la de instalações sanitárias e saneamento em habitações carenciadas e qualificação do espaço público.

“As grande mais-valias destes projectos são as de garantir que os nossos alunos vençam em Portugal”, concluiu Ana Pinho.

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