O Ministro do Ambiente vai esta sexta-feira explicar os contornos tecnológicos do projecto de desmaterialização do Andante que, por sinal, passa a designar-se @ndante, para se adaptar aos novos tempos mais digitais. A partir de Março, cem utilizadores de transportes públicos vão testar uma nova aplicação para telemóvel que lhes permitirá viajar sem bilhete numa mini-rede formado por uma linha de metro, duas carreiras de autocarro, da STCP e de um privado e um trajecto de comboio.

A fase piloto servirá para detectar erros e melhorar a app e o sistema de detecção que passará, por via de um telemóvel, a interagir com o utilizador do transporte público que quiser passar a utilizar este sistema de bilhética virtual. Instalada a app, à entrada do utente num autocarro é gerada uma imagem (espécie de bilhete virtual), que serve apenas para controlo por parte da fiscalização. A informação da entrada é enviada para um backoffice, que, segundos depois de o cliente deixar o veículo receberá também esta informação, marcando, por georreferenciação, a distância percorrida no operador de transporte em causa.

O sistema a desenvolver pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto fará uso das tecnologias de contacto de proximidade (como o Bluetooth, entre outras) para garantir a comunicação entre o telemóvel do cliente, e os dispositivos de detecção que serão instalados dentro dos autocarros ou nas estações, no caso do comboio e do metro. Permite que o utilizador controle a sua conta de utilização consultando a informação disponível na própria app e, numa viagem em vários modos, garante uma mais correcta distribuição das receitas pelos operadores, que saberão com exactidão que parte do percurso foi realizado no seu veículo.

Para os utentes, a tecnologia abre a porta a novas formas de pagamento. Até aqui é sempre preciso comprar um cartão ou fazer uma assinatura mensal e carregar o Andante previamente, antes de viajar. Com a nova app, o pagamento pode ser feito posteriormente, com envio da conta para casa ou para o e-mail, como acontece na Via Verde, e, em alternativa, vai ser possível ainda carregar uma determinada quantia num porta-moedas virtual, incluído na própria aplicação, sendo o valor das viagens descontado depois. Neste último caso, a vantagem é óbvia para quem faz deslocações com custos diferentes e que agora tem sempre de passar por uma máquina de carregamento, para comprar um título de viagem adequado ao número de zonas a percorrer.

Esta desmaterialização muda também a relação dos utilizadores com a rede. A nova app promete escolher o melhor tarifário em função das viagens feitas. E, seja em regime de porta-moedas ou em pós-pagamento, poderemos passar a viajar sem termos de nos preocupar com as zonas a percorrer ou o preço do bilhete, num sistema que, a este nível, é hoje muito pouco amigo dos clientes e, quase 14 anos depois, continua a gerar confusões e erros involuntários por pessoas que acabam identificadas pela fiscalização. O sistema intermodal poupará em consumíveis (cartões) e o tempo de vida das próprias máquinas de carregamento e de validação, poderá vir a aumentar, estima o Ministério do Ambiente que decidiu financiar com 500 mil euros o desenvolvimento desta nova vida do @ndante.  

As funcionalidades e objectivos da nova app vão ser explicadas esta sexta-feira à tarde, na estação do Campo 24 de Agosto, numa cerimónia em que serão também assinados os contratos para a integração de 36 novas linhas às 129 já existentes e a adesão de 3 novos operadores ao sistema intermodal, que passa a incluir 14 operadores de transporte público. Está também prevista a apresentação da medida de alargamento do serviço Free Wi-Fi pela STCP, nos concelhos de Gaia, Gondomar, Maia, Matosinhos e Valongo e a oferta, aos melhores utilizadores de transporte público, de assinaturas semestrais gratuitas.