CDS-PP expulsa militantes de Sintra que concorreram contra o partido

Partido quer sancionar quem integrou o movimento independente Sintrenses com Marco Almeida, nas eleições autárquicas.

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Movimento independente Sintrenses com Marco Almeida integrou vários militantes do CDS-PP Joana Bourgard

O Conselho Nacional de Jurisdição do CDS-PP enviou cartas de expulsão por violação dos estatutos do partido a militantes de Sintra que nas eleições autárquicas integraram listas do movimento independente Sintrenses com Marco Almeida.

De acordo com as cartas, a que a agência Lusa teve acesso, o órgão dos democratas-cristãos refere que “tal comportamento consubstancia a violação de um dos deveres estatutários que impende sobre militantes do CDS-PP”, tendo como sanção disciplinar a expulsão.

Datada de 7 de Outubro, a carta refere que os militantes que concorreram contra a coligação PSD/CDS-PP são alvo de um processo disciplinar, que têm dez dias para apresentar defesa, mas que ficam automaticamente em suspensão preventiva de militante face “à gravidade da conduta que lhe é imputada e ao risco da sua continuação com danos graves para o partido”.

Militante há mais de 20 anos e ex-autarca eleita pelo CDS-PP, Antónia Cerca recebeu a carta há cerca de uma semana por ter integrado a lista do movimento Sintrenses com Marco Almeida à Assembleia Municipal de Sintra.

Antónia Cerca disse à Lusa estar “triste” com a decisão do partido e não estar à espera da expulsão “apenas” por não concordar com o candidato que os democratas-cristãos decidiram apoiar. “Não concordava minimamente com a coligação com o PSD e com Pedro Pinto. Achei que o mais lógico para Sintra era apoiar Marco Almeida. Foi uma questão de achar o que seria o melhor para o concelho”, afirmou.

Militante desde 2011, também Margarida Faria foi alvo da abertura do processo disciplinar que visa a sua expulsão do partido. “Achei que o candidato da coligação do PSD com o CDS-PP não era o indicado para Sintra. Fui contra o candidato e não contra o partido. Deixa-me triste o CDS-PP ter apoiado o Pedro Pinto e não o Marco Almeida, pois, se o tivesse apoiado, se calhar tinha ganho [a câmara]”, disse.

Ambas as militantes afirmaram à Lusa que não apresentaram defesa.

O presidente da concelhia de Sintra, Silvino Rodrigues, afirmou desconhecer o envio das cartas aos “oito ou nove” militantes que concorreram contra o CDS-PP, mas adiantou ser normal uma vez que violaram os estatutos do partido.

Marco Almeida, candidato que ficou a cerca de 1700 votos da lista vencedora de Basílio Horta, o independente eleito pelo PS, foi vice-presidente da Câmara liderada durante 12 anos pelo social-democrata Fernando Seara.

O líder do movimento Sintrenses com Marco Almeida avançou com uma candidatura independente às autárquicas de Setembro, depois de o PSD ter escolhido como candidato o deputado e vice-presidente do partido, Pedro Pinto.
 
 

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