Casa das Convertidas de Braga vai ter plano de salvaguarda

Condições climáticas adversas das últimas semanas agravaram degradação do monumento que ameaça ruína

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Casa das Convertidas está em estado de degradação Nelson Garrido

A Câmara de Braga vai avançar com um projecto de salvaguarda da Casa das Convertidas, um edifício do século XVIII no centro da cidade. A estrutura está em risco de ruína depois de as chuvas das últimas semanas terem acelerado a degradação do monumento, que há vários anos tem sido evidente. A prioridade é proteger o acervo interior, que é considerado uma joia do período barroco, enquanto não há uma solução que permita a recuperação integral do edifício.

As chuvas das últimas semanas agravaram as condições de segurança do edifício, que segundo uma avaliação da autarquia estaria em risco de iminente ruína. Em causa estarão sobretudo problemas estruturais nos tectos, que podem levar ao colapso do edifício. A vereadora da Cultura, Lídia Dias, admite que o edifício pode representar “um perigo para a população” a curto/médio prazo.

Por isso, a intenção da autarquia é avançar com um projecto “de salvaguarda imediata do acervo” da Casa das Convertidas. O espólio poderá ser encaminhado para um dos museus da cidade, a fim de ser protegido, enquanto não é definido o destino a dar ao edifício. “Numa fase seguinte pode até ser colocado à disposição para visitas do público", admite a vereadora da Cultura.

Monumento nacional
A intenção foi bem acolhida pelo Director-Regional de Cultura do Norte, António Ponte, que esteve reunido com representantes da Câmara de Braga no final da última quinta-feira. "O mais importante é encontrarmos uma forma de travar o processo de degradação que o imóvel está a sofrer” sublinha. Aquele responsável reconhece que o edifício merece uma "intervenção urgente" para salvaguardar o património existente.

Classificado como monumento nacional desde Novembro de 2012, o edifício da Casa das Convertidas mostrava, já nessa altura, sinais de degradação, sobretudo nas fachadas. Mandado construir pelo Arcebispo de Braga no século XVIII para acolher mulheres com percursos marginais, o espaço é um exemplar do período barroco na cidade, destacando-se sobretudo os retábulos da sua capela interior, que ainda são os originais. São por isso considerados um joia da arte sacra na região.

O equipamento está situado em plena Avenida Central, no coração da cidade, e tem merecido a atenção dos bracarenses nos últimos anos, especialmente desde que o Ministério da Administração Interna, actual proprietário, deu conta da intenção de ali instalar a estrutura regional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Face à valia do edifício, várias associações locais defenderam a sua compra pela autarquia para a instalação de um museu da cidade.

O anterior executivo presidido por Mesquita Machado aproveitou a ideia e anunciou que a Casa das Convertidas seria a âncora de um projecto para todo aquele quarteirão, onde seria instalada a nova Pousada da Juventude. Os edifícios contíguos chegaram a ser expropriados, mas a polémica consequente – pelo facto dos imóveis terem sido propriedade da filha e do genro do ex-autarca – fez o projecto cair por terra.

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