Carvalhais estão a desaparecer e Quercus reclama legislação que os proteja

As “árvores bombeiras”, como já são conhecidas, ocupam menos de 2% da área florestal e cerca de 0,7% da área total de Portugal. Sobrevivem apenas em alguns últimos redutos dispersos.

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Os carvalhais de folha caduca que já cobriram por completo o norte e centro de Portugal, e algumas serras do sul, “desapareceram quase por completo da nossa paisagem por força da acção humana dos últimos milénios”, alerta a Quercus. E destaca, entre as espécies mais ameaçadas, o carvalho-alvarinho ou roble (Quercus robur), o carvalho-negral ou pardo-das-beiras (Quercus pyrenaica) e carvalho-português ou cerquinho (Quercus faginea), “todas elas espécies nobres e de elevada importância cultural e ambiental”, acentua a organização ambientalista através de comunicado.

A solução para atenuar o desaparecimento destes exemplares da floresta autóctone portuguesa passa pela “criação de legislação” para proteger os carvalhais no país, frisa a Quercus, que, nesse sentido, já solicitou a intervenção dos ministros da Agricultura e do Ambiente e de todos os grupos parlamentares. Em simultâneo, lançou uma petição pública para possibilitar “a todos os cidadãos” a oportunidade para manifestarem o seu apoio à iniciativa da organização ambientalista.  

As três espécies de carvalhos de folha caduca, que os ambientalistas classificam de “nobres” estão actualmente “reduzidas à insignificância de ocuparem menos de 2% da área florestal e cerca de 0,7% da área total de Portugal”. Significa que os últimos exemplares “sobrevivem apenas em alguns últimos redutos dispersos pelo país”. Só entre 1995 e 2010, os povoamentos de carvalhais regrediram 27% da sua área, segundo dados do Inventário Florestal Nacional.

“Para piorar a situação, já de si má”, prossegue o comunicado da Quercus, “existe ainda uma pressão sobre os últimos carvalhos e carvalhais, causada principalmente pelos fogos florestais e pelo seu corte de árvores para lenha na utilização de uso doméstico”. Sabendo-se que são espécies de crescimento lento, subsiste a “tendência da sua substituição por espécies exóticas de crescimento rápido como o eucalipto, após existir um corte ou incêndio”, adverte a organização ambientalista. A construção de infra-estruturas e edificações e o pastoreio excessivo são igualmente associados ao declínio dos carvalhais.

Assim, a Quercus considera que “é urgente a criação de legislação que proteja de forma eficaz os últimos exemplares e bosquetes destas espécies de carvalhos autóctones”, por serem espécies “perfeitamente adaptadas ao nosso clima e às características dos nossos solos”. O novo articulado deve incluir a proibição do corte destas árvores sem licença expressa das autoridades competentes, “à semelhança do que já acontece para o sobreiro e para a azinheira”.

Acresce ainda a importância dos carvalhais do ponto de vista ambiental, uma vez que “desempenham funções fundamentais como a melhoria da qualidade do ar, a preservação dos solos, a recarga de aquíferos, a estabilidade do clima e a defesa da floresta contra os incêndios pela reconhecida resistência ao fogo e capacidade de regeneração”, pormenor que leva alguns técnicos a classificá-las como “árvores bombeiras”.

 

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