Câmara quer aproveitar grande notoriedade do Senhor de Matosinhos

O mar, a pesca e o peixe à mesa são os maiores cartões de visita do concelho, segundo estudo encomendado pela autarquia.

Foto
a igreja do Bom Jesus de Matosinhos é o espaço central das principais festas do concelho Fernando Veludo/NFactos

O retrato surpreendeu pela notoriedade que o Senhor de Matosinhos consegue junto de uma parte importante dos mais de 1600 inquiridos de Portugal e da Galiza. A Câmara de Matosinhos encomendou um estudo sobre a percepção que os portugueses têm do concelho e percebeu que, para além do mar, da pesca, e dos restaurantes cheios de peixe à mesa, as principais festas religiosas locais são imediatamente reconhecidas.

O próprio presidente da Câmara, Guilherme Pinto ficou surpreendido com este reconhecimento por parte dos inquiridos portugueses – já os galegos colocam um evento, o Nova Era Beach Party, no topo das suas preferências – e deve propor na reunião de Câmara desta terça-feira, em que o estudo será apresentado às várias forças partidárias, potenciar ainda mais este pólo de atracção, nomeadamente no que diz respeito ao turismo. A estratégia poderá passar “pela criação de uma associação com os municípios que cultuam imagens semelhantes, atribuídas a São Nicodemos que, segundo a lenda, teria esculpido 15 imagens semelhantes depois de ter assistido aos últimos momentos da vida de Jesus Cristo”. 

Uma dessas imagens, acreditam os fiéis, é a que está na Igreja do Bom Jesus de Matosinhos. E a autarquia admite também a criação de uma aliança com as várias cidades brasileiras onde é cultuado o Senhor de Matosinhos, explicou ao PÚBLICO o presidente da Câmara satisfeito por ver acrescentado este elemento de interesse às habituais, e fortes, marcas do concelho: a pesca, o mar e a restauração, também ela muito associada ao peixe. “Vamos analisar o estudo e ver como podemos fazer para potenciar, a nosso favor, esta percepção”, explicou o independente que governa a autarquia.

Matosinhos desenvolveu-se à custa do mar e da pesca, mas hoje, segundo os inquiridos, o uso dos espaços marítimos para actividades de lazer é outra das apostas que deve ser continuada, depois do investimento feito na requalificação de toda a orla marítima – com assinatura de Souto de Moura e Álvaro Siza, os dois prémios Pritzker portugueses – e da instalação do passadiço sobre as dunas entre Leça da Palmeira e Vila do Conde. Diz a autarquia que “78% dos entrevistados de Vila Real, 41% dos Lisboetas ou 50% dos galegos já vieram à praia a Matosinhos. E, de um modo geral, os participantes no estudo avaliaram com “Bom” a qualidade balnear destes espaços.”

Quem passa por Matosinhos, fica pelo menos para comer pois “76,6% dos lisboetas já fizeram uma refeição no concelho, tal como sucede com 66,7% dos galegos, 76,5% dos bracarenses ou 77,2% dos transmontanos. Entre os entrevistados do Grande Porto o número é ainda mais esmagador: 89,6% (ou 96,1% se se considerarem apenas os concelhos limítrofes de Matosinhos)”, dizem que já se sentaram à mesa de um restaurante local. Falta, assume Guilherme Pinto, que fiquem para dormir num concelho que tem na hotelaria a sua principal debilidade. Que a Câmara quer resolver, incentivando, se possível, investimentos privados nesta área.  

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