Câmara investe 9,4 milhões para regenerar o eixo central de Lisboa

O acréscimo do espaço público pedonal e a dinamização do comércio são alguns dos objectivos da intervenção. O CDS diz que esta proposta é "totalmente desconhecida dos lisboetas" e alerta para os riscos que acarreta.

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A intervenção estende-se do Marquês de Pombal ao Campo Pequeno, abrangendo o Saldanha e as Picoas DR

A Câmara de Lisboa prevê investir 9,4 milhões de euros para "regenerar o eixo central da cidade”, numa operação que se estende do Marquês de Pombal ao Campo Pequeno e que promete aumentar o espaço público pedonal e dinamizar comércio e equipamentos. Só o CDS se opõe à intervenção, por considerar que não foram devidamente discutidos os impactos que terá a supressão prevista de faixas de rodagem e de lugares de estacionamento nesta zona da cidade.

A proposta que prevê o lançamento de um concurso público com vista à concretização desta empreitada, para a qual se prevê um prazo de execução máximo de 365 dias, foi aprovada esta quarta-feira em reunião camarária. Com esta proposta, e com uma outra referente ao Largo da Graça, ao Largo de Santos e à Rua de Campolide, a autarquia dá o pontapé de saída para a concretização do programa Uma Praça em Cada Bairro, pensado para abranger três dezenas de pontos em todas as freguesias da capital.

No documento, que mereceu os votos favoráveis da maioria, do PSD e do PCP mas contou com a oposição do CDS, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, explica que o objectivo da intervenção a concretizar no eixo central é “fomentar e potenciar o crescimento de uma grande centralidade”, “articulando (...) a rede viária, a rede ciclável e a rede pedonal estruturante da cidade, aumentando as zonas de estadia, numa zona que é considerada o ‘coração’ do Central Business District da cidade de Lisboa”.

Nesse sentido, a câmara propõe-se “interligar” a Praça Duque de Saldanha “com a futura Praça de Picoas”. Na primeira dessas praças, haverá uma “transposição da circulação em rotunda para a faixa de estacionamento actual”, um “corte da ligação da Av. Praia da Vitória à rotunda”, a criação de ciclovias, a relocalização do parque de táxis, a eliminação de estacionamento e a introdução de árvores e de “mais espaço para o peão ao longo da rotunda, com possibilidade de criação de esplanadas e outras zonas de estadia”.

“É um projecto que sob vários pontos de vista aponta num sentido que nos parece correcto”, avalia o vereador comunista João Ferreira, apontando como aspectos positivos “a libertação de espaço para o peão e para fruição pública” e “o aumento das áreas ajardinadas e do número de árvores”.

Aplaudindo que se esteja com isto “a disputar a primazia” tradicionalmente atribuída ao automóvel, João Ferreira ressalva no entanto que uma iniciativa como esta não deve ser “desacompanhada” de “um conjunto de outras medidas de carácter estruturante ao nível da mobilidade e dos transportes”. Essencialmente, diz o autarca, ao nível da rede de transportes públicos.  

Já o CDS tem uma posição muito crítica relativamente ao projecto agora aprovado, apesar de ver como “positiva” uma intervenção neste eixo da cidade, ao nível do espaço público e da mobilidade. Para o vereador João Gonçalves Pereira, o problema está no facto de a proposta camarária ter sido “feita e aprovada à pressa” e sem o devido debate público, fazendo com que seja “totalmente desconhecida dos lisboetas”.

“É bom ter presente que a obra que Fernando Medina quer fazer elimina duas faixas de rodagem na Avenida da República [nas laterais], 60 lugares de estacionamento nessa avenida e 80 na Praça do Saldanha”, alerta o autarca, antecipando que tal irá provocar “enormes congestionamentos”. O vereador considera ainda “absolutamente bizarro” que se vá criar duas ciclovias, “uma para cada sentido”, nas avenidas de República e Fontes Pereira de Melo.

“O CDS irá ponderar todas as formas políticas para promover um amplo debate sobre esta iniciativa, debate que não existiu”, conclui João Gonçalves Pereira, sem concretizar.

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