Câmara do Porto iniciou trabalhos numa "ilha" devoluta em risco de ruína

Espaço privado punha em causa a segurança de outra "ilha", onde ainda vive uma família

A Câmara do Porto revelou esta terça-feira ter iniciado trabalhos na "ilha" privada da Vilanova, em Aldoar, que a CDU denunciou estar em risco de ruína e com "metros cúbicos" de lixo acumulados ao longo de anos.

"Confirmamos que os trabalhos na Ilha da Vilanova tiveram o seu início à hora prevista (9h) e que, neste momento [pelas 17h], ainda decorrem. Admitimos que os mesmos não possam ser concluídos hoje, pelo que, se assim for, continuarão no dia de amanhã", informou o gabinete de comunicação da autarquia em comunicado.

Uma "ilha" é um conjunto habitacional de tipo comunitário, típico do Porto, e usado principalmente pelo operariado do início do século XX.

A CDU retirou, da votação da reunião privada do executivo, uma recomendação sobre a intervenção no espaço, devido à indicação de que "a câmara ia intervir para repor as condições de segurança das ruínas da ilha, limpar o lixo e pôr o proprietário a pagar a factura", afirmou o vereador Pedro Carvalho.

A resposta do gabinete de comunicação da autarquia a um pedido de esclarecimento feito pelos jornalistas a propósito das declarações do comunista, acrescenta que "a remoção do lixo (vidros, garrafas e afins) por não representar perigo iminente foi reencaminhado para a Divisão Municipal de Fiscalização Ambiental e Intervenção na Via Pública".

"A proposta foi retirada porque a Câmara entrou hoje na ilha e vai intervir para repor as condições de segurança, nomeadamente nas ruínas que estão a cair para outra ilha", descreveu o vereador da CDU Pedro Carvalho, em declarações à comunicação social no fim da reunião camarária, reproduzindo informações que disse ter recebido do vereador da Fiscalização, Manuel Sampaio Pimentel.

Na recomendação que não chegou a ser votada, a CDU descrevia que na Rua de Vila Nova, nº 343 "existe uma ilha devoluta e em ruína, que tem vindo ano após ano a acumular metros cúbicos de lixo diverso e garrafas de vidro, que já transborda os muros da própria ilha, pondo em causa a segurança e salubridade no local" e de uma outra ilha onde apenas reside um agregado familiar que "que incluí um idoso com mais de 80 anos a viver em situação precária".

No período de antes da ordem do dia da reunião desta terça-feira, a câmara aprovou por unanimidade a recomendação da CDU para "tomar as diligências necessárias junto dos proprietários do terreno" público contíguo existente entre o Centro Social de Aldoar e o Centro de Saúde de Aldoar de modo a "assegurar a sua devida limpeza" e "repor as condições de segurança e salubridade no local".

A proposta prevê ainda que a Câmara averigue as possibilidades "de utilização deste terreno para fins sociais, incluindo em parcerias com agentes sociais locais de Aldoar".

No documento, o vereador da CDU Pedro Carvalho alerta que, neste espaço da rua de Vila Nova, na zona de Aldoar, "existe um terreno público contíguo vedado, que se encontra sem qualquer utilização" e "que se tem vindo a tornar numa lixeira a céu aberto, com todo o tipo de lixo, muito dele coberto por densa vegetação", apresentando "riscos de segurança e de salubridade".     

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