Câmara do Porto cria serviço de reutilização de livros escolares

“Banco” da autarquia é o 126.º no país associado ao movimento reutilizar.org, fundado há dois anos pelo portuense Henrique Cunha.

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O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, inaugura esta quinta-feira o Serviço municipal de Apoio à Reutilização de Livros Escolares (Smarle), que ficará instalado no átrio do Gabinete do Munícipe, nos Aliados.

Com a abertura do Smarle, o Porto torna-se a maior autarquia do país a associar-se oficialmente aos esforços do movimento reutilizar.org para disseminar por todo o país o reaproveitamento dos manuais, através de bancos de troca. Com o portuense Smarle, passam a ser 126, no Continente e nas ilhas. 

Outras câmaras, como as de Matosinhos, Vila Franca de Xira ou Faro, já se associaram a este movimento, fundado  há dois anos pelo explicador Henrique Trigueiros Cunha. Um portuense “frustrado”, por não ter convencido ainda o colégio privado que os filhos frequentam a aderir à reutilização dos livros, mas que se admite de alguma forma compensado pelo facto de ter ajudado o seu município, um dos maiores do país, a avançar com o serviço. “Ainda por cima, assinala”, no átrio do gabinete do munícipe”, um edifício acessível e central na cidade.

A directora dos Serviços da Presidência da Câmara do Porto, Raquel Maia, declarou ao PÚBLICO que a opção por integrar o Smarle no gabinete do munícipe “faz todo o sentido”, tendo em conta, para além da acessibilidade, a gama de serviços ali prestados, e que vão para além das estritas competências municipais. A título de exemplo, refere o serviço de apoio ao consumidor e um outro dedicado ao voluntariado. Foi a partir deste último, aliás, que foram “descobertas” as duas pessoas que vão assegurar o horário de funcionamento do banco municipal de manuais.

Raquel Maia admite que, neste período do ano, o Smarle não esteja a funcionar das 9h às 17h nos dias úteis, mas no pico de afluência, próximo do início do ano escolar, a intenção da câmara passa inclusivamente por mantê-lo aberto para lá das 17h. Depois de terem  visto as filas que se formaravam no banco que Henrque Cunha mantém na Avenida da Boavista, os responsáveis  autárquicos antecipam o mesmo tipo de sucesso, pelo que pretendem garantir a fluidez das pessoas interessadas em doar ou receber livros.

Quer Henrique Cunha quer Raquel Maia assinalam que, para lá dos objectivos de educação ambiental, incentivar a troca de livros é, nesta fase da vida do país, um imperativo social, que poderá mitigar as despesas, na ordem das centenas de euros, de várias famílias. Ainda que, como sempre defendeu o fundador do reutilizar.org, a pretensão seja chegar a todas as famílias, qualquer que seja a sua condição social. Algo que, no Porto, poderá começar a ser conseguido se, a partir do Smarle, e em colaboração com o pelouro da Educação, a ideia for espalhada pelas escolas sob gestão municipal.

Henrique Cunha, que esta quinta-feira apresenta também um novo site e uma nova imagem gráfica do reutilizar.org, ainda não desistiu de transformar o objectivo do movimento que criou numa forma de actuar tão banal que não precise de movimento nenhum para o promover. Mas enquanto isso não acontece, continua a tentar que a mensagem se espalhe.

Esta quinta-feira à tarde, horas depois da inauguração do Smarle, tem participação marcada numa conferência na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, dedicada ao tema O que falta em políticas para a família. A organização é do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e Empresa, que o convidou já para nova palestra em Abril, também em Lisboa. Concelho onde há vários bancos, de iniciativa cidadã, mas onde Henrique Cunha gostaria de ver, a exemplo do Porto, um serviço de iniciativa municipal.
 
 
 

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