Câmara de Lisboa relança passe único para parque, metro e Carris após fraca adesão

Autarquia admite que o número de utilizadores do Park&Ride é reduzido, mas está a negociar a entrada de mais um parque na lista.

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Passe carrega-se no cartão Lisboa Viva João Gaspar/Arquivo

O vereador da Mobilidade na Câmara de Lisboa, Fernando Nunes da Silva, quer relançar o passe mensal que inclui estacionamento em nove parques da capital e viagens na Carris e no Metro. Na calha está a parceria com mais um parque privado, para reforçar a oferta, e uma campanha de informação para atrair clientes.

Lançado em Outubro de 2011, e com cerca de 5000 lugares disponíveis, o Park & Ride (Pare&Siga) conquistou 150 utilizadores mensais, um número “muito reduzido”, admite o vereador, reconhecendo que a opção por este sistema exige uma "mudança de hábitos muito significativa".

Ainda assim, Nunes da Silva não quer deixar cair este sistema, que funciona com um passe carregável no cartão Lisboa Viva. Por 51,50 euros, os utilizadores podem deixar o carro num dos nove parques de estacionamento que ficam junto a pontos de acesso ao metro ou autocarro da Carris. Estão abrangidos sete parques municipais da Empresa Pública de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (Emel) e dois da Empark.

Segundo o assessor do vereador, Paulo Cuiça, está “em negociações” a inclusão do parque da Gare do Oriente, gerido pela CPE, do grupo Soares da Costa, como aliás estava previsto inicialmente.

“Estamos a preparar uma campanha de informação muito forte, dirigida aos potenciais clientes”, revela Nunes da Silva, acrescentando que serão distribuídos panfletos aos automobilistas e será disponibilizada informação junto às máquinas de pagamento do estacionamento. “A ideia é evitar que as pessoas levem o carro para o centro da cidade e pedir-lhes que façam as contas”, acrescenta.

Actualmente, o passe mensal para andar na coroa urbana da Carris e do Metro custa 35 euros. “As assinaturas mensais de estacionamento rondam os 45 a 80 euros”, afirma o vereador, sublinhando que o passe de 51,50 euros do Park & Ride representa “um desconto brutal” em relação à soma das duas despesas. Daquele valor, 31,50 euros vão para os cofres da transportadora e 20 euros ficam com a operadora de estacionamento.

Lugares não estão marcados, mas existem
O vereador diz que os parques mais procurados actualmente são os da Cidade Universitária, do Colégio Militar e da avenida Álvaro Pais, todos geridos pela Emel. Os restantes estão situados em Sete Rios, junto à Biblioteca Nacional (junto a Entrecampos), no Campo Grande e no Areeiro. Os 150 utilizadores actuais que Nunes da Silva refere dizem respeito apenas à adesão registada nos parques desta empresa municipal. A Empark não revela dados.

O PÚBLICO contactou a Emel para saber quantos lugares tem disponíveis para os clientes do Park & Ride e como se tem distribuído a procura mas não obteve resposta. Por sua vez, a Empark respondeu, através da responsável do departamento de Marketing, Comunicação e Imagem, Sónia Nabais Inês, que mantém a “disponibilidade de afectar até 20% da capacidade dos parques a este produto”.

“Os lugares estão lá, mas se não houver procura os parques continuam abertos aos outros utilizadores. Ainda assim, a prioridade é dada ao Park & Ride”, esclarece Nunes da Silva. Os lugares “não estão marcados”, há sim “um conjunto de lugares em cada parque afectos ao programa”, continua.

Nos parques da Emel, o acesso faz-se através dos cartões Lisboa Viva, utilizando um software que indica se o utilizador validou o cartão no metro ou no autocarro. “É obrigatório usar o transporte público, a ideia não é que as pessoas usem o Park & Ride para substituir a avença do estacionamento”, diz o vereador.

Na Empark, o sistema é diferente. O cliente adquire o passe no Metro ou na Carris e entrega o recibo no parque. Em troca, é-lhe dado um cartão. “O custo de adaptação [das máquinas ao cartão Lisboa Viva] era incomportável”, explica Sónia Nabais Inês.

Porto com adesão "expressiva"
O sistema Park & Ride funciona também no Porto, embora apenas seja pago nos parques do Dragão e do Fórum Maia. Os utilizadores podem estacionar e viajar de metro, utilizando o cartão Andante, acrescentando 17 euros ao preço do passe de metro (que varia consoante as zonas).

“A adesão tem sido expressiva”, diz o assessor do Metro do Porto, Jorge Morgado, sem adiantar números. No Dragão, o parque tem capacidade para 900 carros e tem uma ocupação de 60%, pelo que “há sempre lugar” para o Park & Ride. Em cima da mesa está uma parceria com a Câmara de Matosinhos para criar outro parque de estacionamento pago, onde vai ser adoptado este sistema, revela a mesma fonte.

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