Câmara de Lisboa quer investir 74,2 milhões na rede de saneamento até 2018

António Costa reconhece que tal só será possível com fundos comunitários e o PSD acusa-o de prometer “mundos e fundos”. Câmara exige pequenos arranjos na ponte da Segunda Circular, antes de receber a obra.

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Enric Vives-Rubio

A Câmara de Lisboa quer investir 74,2 milhões de euros na execução do Plano Geral de Drenagem até 2018, informou nesta quarta-feira o presidente do município, reconhecendo que esse objectivo só poderá ser alcançado através do recurso a fundos comunitários. O PSD, que criticou a falta de “prioridade” atribuída às obras na rede de saneamento da cidade, reagiu dizendo que “para os anos seguintes há sempre mundos e fundos”.

Segundo António Costa, o Plano Plurianual de Investimentos contempla uma verba de 9,5 milhões de euros em 2016, de 15 milhões em 2017 e de 25 milhões em 2018 para a concretização de alguns dos investimentos previstos no Plano de Drenagem, que foi aprovado pela câmara em 2008. Valores que, admitiu o autarca socialista na reunião camarária desta quarta-feira, assentam na “previsão” de que as candidaturas que venham a ser apresentadas pelo município ao próximo Quadro Comunitário de Apoio sairão vitoriosas.

Quanto ao ano de 2015, o presidente da câmara frisou que, além dos 1,7 milhões de euros de capitais próprios que se propõe que sejam afectos a obras na rede de saneamento, há três milhões de euros que foram inscritos no orçamento “com um enorme optimismo”. Isto, porque, lembrou António Costa, para os 308 municípios do país está prevista uma verba total disponível de 900 milhões de euros para realizar investimento na área do saneamento.

“Para os anos seguintes há sempre mundos e fundos. Depois, na realidade, a concretização não tem nada a ver. Há desvios significativos ano após ano”, reagiu o vereador do PSD António Prôa. E o resultado, acusou, é que Lisboa tem sofrido inundações “de forma recorrente e grave”.  

O autarca social-democrata criticou a falta de “prioridade” atribuída pelos sucessivos executivos presididos por António Costa ao saneamento, afirmando que “urge que a câmara invista finalmente” nessa área. António Prôa adiantou que o seu partido deverá apresentar uma proposta com vista ao reforço dos capitais próprios que estão inscritos no Orçamento para 2015 para a concretização do Plano de Drenagem.

Entre os dois autarcas gerou-se uma intensa e longa troca de argumentos, na qual acabaram por se envolver também o vice-presidente da câmara, Fernando Medina, e os vereadores da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, e das Obras, Jorge Máximo.

“Não é verdade que a câmara não tenha feito nada sobre o problema da drenagem em Lisboa”, afirmou Sá Fernandes, defendendo que é preciso “pôr os pontos nos i’s”. O vereador destacou a importância que teve o facto de não terem avançado urbanizações que chegaram a estar previstas para a Quinta do Zé Pinto, o Vale de Chelas e o Casal Vistoso, e que teriam levado à impermeabilização desses locais.

“Não deixámos que continuasse a haver os erros do passado”, frisou Sá Fernandes. O autarca aproveitou ainda para tecer críticas ao Plano Geral de Drenagem que, segundo diz, não é mais do que “uma lista de intenções”, por este prever “grandes bacias de retenção em betão”.

Também António Costa sublinhou que aquele plano “não é um projecto de obras”. “A câmara não tem estado parada. Tem estado a traduzir em projectos de execução as obras previstas”, concluiu.

Já Jorge Máximo fez saber que o abatimento de piso que ocorreu na semana passada na saída da Segunda Circular para a Rotunda do Relógio se deveu a uma questão de “falta de civismo”. De acordo com o vereador, dentro do colector foram encontrados “capacetes, botas e detritos de obras no aeroporto”, o que provocou o seu entupimento e levou à abertura de um buraco e ao corte do trânsito no local.  

Enquanto esta discussão tinha lugar, a Lusa noticiava que a chuva que caiu durante a tarde em Lisboa provocou várias inundações, sobretudo em São Domingos de Benfica, Chelas e Lumiar.

Ponte sobre a Segunda Circular tem “coisas que têm de ser rectificadas”

A Câmara de Lisboa considera que a ponte ciclável e pedonal sobre a Segunda Circular apresenta “quatro ou cinco problemas” que têm de ser resolvidos pelo empreiteiro, pelo que recusou recepcionar a obra tal como ela está. Segundo o vereador da Estrutura Verde, que sublinhou que esta empreitada foi desenvolvida pela Galp, estão em causa aspectos como “um varão numa descida”, “um arranjo em parte do piso” e outros “pequenos arranjos”.

“Há pequenas coisas que têm de ser rectificadas”, admitiu Sá Fernandes, acrescentando, sem se comprometer com um prazo, que está “iminente” a abertura ao público da ponte, que vai ligar S. Domingos de Benfica a Carnide. 

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