Câmara de Coimbra retira apoio a Gatos Urbanos

Grupo de voluntários que esteriliza gatos de rua considera a cessação do protocolo “surpreendente e imponderada”.

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Gatos na ilha Aoshima Fotos Thomas Pete/Reuters

A Câmara de Coimbra vai deixar de apoiar o grupo que fazia a esterilização de gatos na cidade. A proposta partiu do vereador pela CDU, Francisco Queirós, e em causa está o protocolo assinado entre a autarquia e Grupo Gatos Urbanos (GGU) em Junho de 2013. No acordo estava a esterilização de um mínimo de 15 gatos por mês, sendo que a autarquia se comprometia a financiar a operação com 600 euros.

Apesar de considerar a implementação deste programa por um grupo de voluntários um “passo importantíssimo”, Francisco Queirós considera agora que, nos últimos dois anos, a autarquia fez um caminho que permite uma “política diferente”. O vereador refere as 137 esterilizações realizadas no Canil Municipal entre Janeiro e Abril, a ausência do abate de animais devido a sobrelotação em 2015 e a taxa de adopção de cães e gatos como exemplos. Na reunião do executivo camarário realizada nesta segunda-feira, Francisco Queirós defendeu que, uma vez que há mais entidades a desenvolver mesmo trabalho que o GGU, “não faz sentido nenhum apoiar apenas uma instituição” e que a autarquia pode assumir maiores responsabilidades nesta matéria.

Em comunicado, a associação GGU vem criticar a proposta e questionar os números apresentados por Francisco Queirós. A associação classifica esta decisão como ”precipitada”, “surpreendente e imponderada”, “ditada não por fundamentos organizativos mas sim por razões totalmente estranhas ao serviço público e ao bem-estar dos animais”. Aludindo ao número de esterilizações realizado pelo Canil Municipal nos primeiros quatro meses do ano, a Gatos Urbanos informa que procedeu a esse tipo de intervenções 351 vezes no mesmo período. Nos últimos 21 meses, a associação realizou 1295 esterilizações, o que significou um custo de 12.600 euros para o município, ou seja, 9,73 euros por animal. A GGU manifesta ainda preocupação por outras vertentes do protocolo, actualmente asseguradas pela associação, como são “o estudo e diagnóstico das colónias, a sua caracterização, o planeamento e intervenção e o posterior acompanhamento sistemático, a instalação de postos de alimentação municipais e a monitorização das colónias após a esterilização”.

Apoiada pela maioria socialista do executivo, a retirada do apoio ao Gatos Urbanos mereceu ainda críticas por parte da oposição. PSD e movimento Cidadãos por Coimbra (CpC) não ficaram convencidos com a argumentação do presidente da autarquia, Manuel Machado, que afirmou que o protocolo com o GGU “prefigura um contrato de aquisição de serviços”. Machado entende que, neste caso, a questão está entre “capacitar os serviços municipais para intervir com eficácia ou fazer outsourcing a outra entidade”. O presidente socialista adiantou ainda que este protocolo cessa para, “num prazo de 60 dias, se reequacionar o processo”.

O vereador do PSD Raimundo Mendes da Silva vê “com alguma apreensão” o cancelamento deste protocolo, considerando que “a proposta não devia ser de cancelamento para depois se pensar no que vem a seguir, mas sim uma proposta para envolver as outras instituições”. O vereador entende que “há funções que os serviços municipais nunca poderão fazer”, sendo que o voluntariado “consegue suprir algumas dificuldades”. José Ferreira da Silva, vereador pelo CpC, concorda com o do PSD, defendendo uma renegociação do protocolo” que envolva as restantes instituições para que depois fosse votado um novo acordo.

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