Câmara de Braga responsabiliza loja do AKI por descarga de tinta no rio Este

Afluente do Ave ficou branco, numa faixa de vários quilómetros, após despejo de 300 litros de tinta pelas águas pluviais

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Fotografia cedida pela leitora Lia Pires

Em Braga não se fala de outra coisa. O Este, rio durante muitos anos maltratado e que tem sido alvo de medidas de recuperação, ficou, na tarde desta quarta-feira, branco, ao longo de um troço considerável. Segundo o vereador do Ambiente da Câmara de Braga, cerca de 300 litros de tinta de água foram despejados na rede de águas pluviais a partir da loja do Aki, em Lamaçães, por um funcionário que terá tentado, desta forma, limpar o espaço onde uma palete do produto caiu, espalhando-o pelo chão.

Esta foi pelo menos a justificação dada à autarquia e à GNR pela empresa. Segundo o vereador Altino Bessa, a opção de resolver o problema do derramamento de tinta daquela forma não terá partido dos responsáveis da Loja, mas mesmo que isso se confirme o autarca não deixa de considerar que está em causa um crime ambiental, ainda que praticado de forma involuntária. E por isso, quer a Polícia Municipal, quer o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR levantaram autos para abertura de um processo contra-ordenacional, num caso, e processo-crime, no outro.

Altino Bessa promete ser implacável, mas o problema, assumiu, é que a autarquia pouco pode fazer para resolver o cenário criado pelo incidente que foi detectado cerca do meio-dia, quando começaram a chegar ao município várias chamadas denunciando um manto branco no rio, mas cuja origem só foi conhecida já passava das 15h, explicou. Percebido o ponto de entrada da tinta diluída em água no rio, junto à Rodovia da cidade, as equipas da empresa municipal de água e saneamento, a Agere, foi abrindo tampas de visita até diminuir as origens possíveis, numa zona pejada de prédios de habitação e de grandes lojas.

Chegados ao AKI, a empresa assumiu ter estado na origem do problema, mas este já se tinha espalhado pelo troço do rio na zona urbana. Numa operação de limpeza a partir do ponto original, a Agere aspirou 14 mil litros de líquido ainda sujo para um camião cisterna, mas no Este, o manto branco só desaparecerá por intervenção da natureza, porque seria necessário aumentar-lhe muito o caudal, a partir da zona onde tudo começou, para que a tinta – que felizmente não é das mais poluentes, assinalou Bessa – se dilua. São Pedro, que fez de Braga o penico do céu, como se diz nesta cidade de invernos muito chuvosos, não vai colaborar nos próximos dias, nos quais se prevê bom tempo.

Entretanto, a empresa reconheceu que houve uma fuga de tintas para "as condutas pluviais", garantindo que assumirá "todas as consequências deste lamentável incidente", e" colaborará com as autoridades locais, em particular com a câmara municipal através do pelouro do ambiente no sentido de solucionar o problema o mais rapidamente possível".

"Uma vez que o risco para a saúde pública e ambiente é bastante reduzida face à composição não nociva deste tipo de tinta aquosa, o AKI acredita que o impacto no rio Este será igualmente reduzido, e não existe o risco de contaminação de redes de abastecimento de água às populações, uma vez que canal serve para o escoamento de águas pluviais", diz ainda o comunicado.

Notícia actualizada às 17h26, de 01/05/2014, com reacção da empresa

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