Caleidoscópio pode vir a receber, além de um centro académico, um restaurante da McDonald’s

A empresa está a negociar com a Universidade de Lisboa a abertura de um restaurante, com "McDrive", no edifício no Jardim do Campo Grande.

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A zona norte do Jardim do Campo Grande foi requalificada, mas o Caleidoscópio ainda não Bruno Almeida

A há muito prometida transformação do Caleidoscópio num centro académico pode estar mais perto de concretizar-se, admitindo a Universidade de Lisboa que as obras avancem “ainda este verão”. A reabilitação deverá ser custeada pela McDonald’s Portugal, como contrapartida pela exploração de um restaurante no interior do edifício, situado no Jardim do Campo Grande.

Foi em Março de 2011 que a Câmara de Lisboa anunciou que iria ceder o antigo centro comercial, onde nessa altura já só funcionava uma livraria, à Universidade de Lisboa. A ideia era transformar o edifício hexagonal, construído na década de 70 do século XX, num espaço destinado a estudantes, aberto 24 horas por dia. Previa-se também a criação de um auditório, de gabinetes de trabalho, de uma sala de exposições temporárias, de uma cafetaria com esplanada e de um restaurante.

Junho de 2012 era a data então avançada para a reabertura do Caleidoscópio, que António Costa disse acreditar que iria ser “uma âncora” para “devolver vida” ao Jardim do Campo Grande. Depois disso, a zona norte deste espaço verde já sofreu obras profundas, com um custo superior a 1,8 milhões de euros, mas o edifício projectado por Nuno San Payo foi continuando a definhar, à espera que o seu dia chegasse.

Ao longo do tempo, a Universidade de Lisboa foi dizendo que, face às dificuldades financeiras com que se confrontava, o projecto (com um custo estimado de cerca de 1,6 milhões de euros) teria de ser desenvolvido sem investimentos público, através de um parceiro privado. Depois de um concurso público que ficou vazio e de um anúncio publicado num jornal, no fim de 2012, foi finalmente encontrada uma empresa interessada em explorar um negócio no antigo centro comercial: a McDonald’s Portugal.  

A assinatura do contrato entre as duas partes tem sido sucessivamente adiada. Questionada sobre o assunto, fonte da Universidade de Lisboa disse esta quinta-feira ao PÚBLICO que “ainda decorre o processo de contratualização”, acrescentando que “todas as partes esperam envolvidas esperam que nas próximas semanas o contrato possa ser finalmente assinado”. Se assim for, afirma, a expectativa é que as obras possam começar “ainda este Verão, sendo a data prevista de inauguração do espaço Setembro de 2015”.

Aquilo que está a ser equacionado é que o restaurante da McDonald’s, no piso térreo do Caleidoscópio, inclua o chamado “McDrive”, oferecendo aos seus clientes a possibilidade de adquirirem uma refeição sem abandonarem os seus automóveis. Fonte da Universidade de Lisboa admite que “tem havido contactos exploratórios com os serviços da Câmara de Lisboa que apontam para uma viabilização” dessa valência, que a empresa da área da restauração tem dito ser “essencial ao negócio”.

O presidente da Junta de Freguesia de Alvalade não tem dúvidas de que a transformação do Caleidoscópio num centro académico será “decisiva para dar uma nova vida ao Jardim do Campo Grande”. “Sempre vimos com bons olhos, mesmo quando estávamos na oposição, a circunstância de ter sido a Universidade de Lisboa o parceiro que o município encontrou”, diz André Caldas. O autarca do PS entende que o projecto previsto vai permitir “rejuvenescer o público do jardim” e fazer com que haja uma “maior circulação de pessoas em horários diversificados”, o que irá “aumentar os índices de segurança”.

Quanto à McDonald’s, André Caldas diz que este “é o parceiro possível”, numa altura em que “não é fácil encontrar parceiros com capacidade de investimento” e dada “a míngua com que se gerem as entidades públicas”.     

Nem a empresa nem a Câmara de Lisboa responderam aos pedidos de informação sobre este assunto dirigidos pelo PÚBLICO.  

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