Cães vadios lançam pânico na praia de Quarteira com quatro pessoas mordidas

O primeiro ataque foi a uma jovem que filmava o namorado, a mergulhar ao pôr do sol. A ela, o cão só lhe puxou pelas cuecas, mas um homem que quis salvar um criança de ser mordida ficou com o músculo da perna rasgado

Foto
Dia Internacional do Animal Abandonado é assinalado neste sábado Miguel Madeira

Um casal de cães vadios, com traços de raça pitbull, atacou na quarta-feira ao final do dia quatro pessoas na praia de Quarteira e lançou o pânico entre os veraneantes. A principal vítima, um homem de 57 anos que foi em socorro de uma criança que brincava com um papagaio, ficou com músculo da perna direita rasgado e ferimentos na outra. A cena deu-se ao fim do dia, quando os nadadores-salvadores se preparavam encerrar o dia de trabalho.

Os animais, mãe e filho, entraram pela Praia do Vidal a correr pelo areal, num aparentemente divertimento canino. O primeiro ataque, protagonizado pelo cão mais jovem, foi a uma rapariga que filmava os mergulhos do namorado, com o sol a cair no horizonte. O cão, relatou quem assistiu, saltou-lhe para as costas e puxou-lhe as cuecas. Reacção imediata: “As pessoas começaram a rir”, conta o nadador-salvador. Mas não demoraram a perceber que o caso não era para brincadeira. O rapaz veio em auxílio da namorada, tentando afastar o animal, que acabou por fugir para o outro lado da praia, com a mãe. A cadela não mordeu em ninguém.

Os dois nadadores-salvadores, já fora de serviço, chamaram a GNR e procuram controlar a situação de instabilidade entretanto gerada. “As pessoas gritavam, não sabiam o que fazer”, prossegue o nadador-salvador. Na segunda cena, cerca de 150 metros mais à frente, Luís Pederneira está com o filho de dez anos quando o animal passa a correr e rouba a pá de plástico com que a criança fazia uma cova na areia. A mão fica ferida, mas sem gravidade.

A seguir, o cão largou a pá e dirigiu-se a um outro miúdo que tentava lançar um papagaio ao vento, acompanhado dos pais. “Deve ter ficado excitado com as cores do papagaio”, observa Luís Pederneira, que foi ao encontro do animal quando o viu a atirar-se à mãe da criança. “Com a pá, procurei desviar-lhe as atenções e tentar que mordesse o plástico e não as pessoas”, explica. O pior aconteceu depois: “Corri, escorreguei, caí e ele atacou-me no chão”. Uma médica espanhola, que se encontrava na praia, prestou-lhe os primeiros socorros, com o apoio de um enfermeiro, também de férias no mesmo local. “Estou a descansar”, disse ao PÚBLICO, ao final da manhã desta quinta-feira, antes de se deslocar ao posto da GNR de Quarteira onde irá relatar o sucedido.

No Centro de Saúde de Loulé, para onde foi transportado pelo INEM, foram-lhe efectuados os exames médicos e tratamento complementar aos ferimentos profundos na perna direita e às escoriações na esquerda. Os animais, após terem lançado o medo na Praia do Vidal, puseram-se em fuga. Os guardas da GNR, chamados ao local, lançaram a operação de resgate, que só teve êxito depois de uma corrida de mais de um quilómetro, e com o auxílio de populares. Os animais foram levados para o canil municipal, permanecendo em “observação psico-comportamental”. O veterinário municipal, Paulo Pina, adiantou que os animais têm “traços de raça pitbull” e não possuem chip que possa identificar o dono.

Primeira praia canina de Portugal
Ao fim da tarde, depois das 19h30, altura em que as praias deixam de ser vigiadas, em Quarteira - tal como acontece noutras praias da região, - é vulgar encontrar cães em passeio pelo areal, com os donos ou sozinhos. Como manda as regras da “Bandeira Azul”, existe uma placa, à entrada da praia, proibindo o acesso a animais, mas o aviso não é respeitado.

Por coincidência, na quarta-feira circulou pela Internet uma petição pública, dirigida à câmara de Loulé, Região de Turismo do Algarve (RTA) e outras entidades, para que fosse criada a “1ª praia Canina de Portugal” no concelho de Loulé. Os mais de uma centena de subscritores argumentam que os cães “encontram nas praias algumas das suas maiores alegrias: correr, nadar, brincar”. Desta forma, defendem, “os donos podiam compartilhar com os seus animais a alegria de um dia de praia onde todos se pudessem divertir”. Quanto às questões de higiene, sublinham, “não são os animais que são ‘porcos’, são os seus donos é que não são civilizados”. Por isso, reivindicam a criação de um espaço de coabitação à beira-mar, onde possam pôr em prática normas de higiene e segurança.

Sugerir correcção
Ler 23 comentários