Bombeiros de Viana já detectaram este ano 216 ninhos de vespa asiática

Praga está a desenvolver-se e preocupa apicultores e autarcas de vários concelhos dos distritos de Viana do Castelo e do Porto

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A vespa asiática transformou-se num praga em Portugal

Os bombeiros municipais de Viana do Castelo registaram 448 ninhos de vespa asiática, desde Novembro de 2012, dos quais 216 só em 2014. De acordo com um comunicado da câmara local, dos 216 ninhos desta espécie predadora georreferenciados desde Janeiro deste ano no concelho, 27 foram destruídos por particulares e 63 pelos bombeiros municipais.

Actualmente, de acordo com os números avançados pela autarquia, estão identificados para destruição 67 exemplares, 25 dos quais com caracter de urgência. Em todo o ano de 2013, foram registados e destruídos 232 ninhos de vespa asiática no concelho.

A vespa asiática é maior e mais agressiva do que a espécie autóctone nacional. A espécie predadora entrou na Europa através do porto de Bordéus, em França, em 2004. Os primeiros indícios da sua presença em Portugal surgiram em 2011, mas a situação só se agravou a partir no final do seguinte.

De acordo com o município, "a destruição dos ninhos é feita através de queima em parceria com o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo".

Em Julho passado e face à indefinição sobre a quem compete actuar na destruição dos ninhos de vespa asiática a Câmara de Viana do Castelo exigiu ao Governo "uma clarificação urgente de quem deve coordenar e quais os meios a afectar" no combate à praga da vespa asiática, "atendendo à dimensão preocupante que está a tomar na região norte".

Esta semana, o secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza afirmou, em Penafiel, que em Setembro serão anunciadas "acções concretas" para monitorizar e controlar a vespa asiática em Portugal. "Esperamos apresentar as actividades que vão ter lugar no território", explicou Miguel de Castro Neto, acrescentando que o Governo "está a acompanhar a situação", num trabalho que envolve várias secretarias de Estado. Em declarações à agência Lusa, Miguel de Castro Neto admitiu a necessidade de "dar informação, segurança e proteger pessoas e bens".

De acordo com dados da Associação Apícola Entre Minho e Lima cada ninho pode albergar até duas mil vespas e 150 fundadoras de novas colónias, que no ano seguinte poderão vir a criar pelo menos 6 novos ninhos.

Em Ponte de Lima, num só dia [terça-feira] os bombeiros voluntários receberam 20 pedidos para a destruição de ninhos de vespa velutina. O comandante da corporação, Carlos Lima, disse à Lusa que nas últimas três semanas foram destruídos mais de 30 ninhos, "muitos deles em habitações ou perto delas". "De Bárrio, freguesia junto a Paredes de Coura até Vilar das Almas, perto de Barcelos, temos o concelho todo infestado com esta praga", afirmou.

Em Caminha, segundo a protecção civil municipal, em todo o ano de 2013 foram destruídas entre 10 a 12 enxames e este ano já foram queimados 71. "Há um aumento muito grande de casos porque é nesta altura do ano que as fundadoras saem das colmeias e o fenómeno de propagação da espécie tem maior expressão", explicou Guilherme Lagido, vice-presidente da câmara local.

Em média, por dia, de acordo com o autarca e responsável pela protecção civil, os bombeiros recebem entre quatro a cinco chamadas por causa desta praga. "Ainda temos dois ninhos em Caminha e quatro no Vale do Âncora que estão georreferenciados e que têm que ser destruídos", adiantou. A destruição ocorre sempre quando cai a noite, período em que as vespas fundadoras estão no interior das colmeias.

Nas últimas semanas foi também noticiado o aumento de casos no distrito de Braga, afectando não apenas o concelho homónimo como também territórios mais afastados, como Celorico de Basto. Nesta zona do Tâmega, Amarante também tem tido registo de vários ninhos, alguns deles já em zona urbana. A vespa asiática chegou ainda a Marco de Canaveses e a Paredes, no distrito do Porto.  

Segundo os apicultores do distrito de Viana do Castelo, esta espécie, "mais agressiva" faz com que as abelhas não saiam para procurar alimento por estarem sob ataque, enfraquecendo as colmeias, que acabam por morrer.

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