Bloco de cinco metros cúbicos cai da crista da arriba da praia D. Ana, sem fazer vítimas

Além do deslizamento do bloco de rochas na praia D. Ana, em Lagos, também em Lagoa, no Vale do Olival se deu outra queda. Não houve vítimas, mas o perigo espreita no areal algarvio

Fotogaleria
DR
Fotogaleria
DR

Um bloco de cinco metros cúbicos caiu, faz hoje uma semana, às 16h, na praia D. Ana, em Lagos. Não se registaram vítimas, apesar de estarem mais de três centenas de pessoas no areal. No ano passado, esta praia — considerada a “mais bonita do mundo” — foi alvo de grande polémica por causa de uma operação de artificialização a que foi submetida. O ministério do Ambiente fez uma intervenção para que o pequeno areal onde as pessoas se apinhavam junto às rochas, ficasse com mais 25 metros de largura

O director regional da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Sebastião Teixeira, comentando a queda do bloco, afirmou: “O investimento [1,8 milhões] provavelmente já salvou vidas”. Segundo o levantamento feito pelos técnicos do Ambiente, estariam, no momento do acidente, 350 pessoas a gozar os banhos de mar e sol. O bloco deslizou a partir da crista da arriba, de uma altura de dez metros, desfazendo-se em grande parte quando bateu no solo. A queda deu-se no lado nascente, perto do apoio de praia. Na quinta-feira à tarde, um bloco com dimensões quase idênticas, mas a partir da altura de três metros, caiu na praia Vale do Olival (Lagoa). A queda das arribas, adverte Sebastião Teixeira, faz parte da evolução natural das rochas que enquadram as praias da região. “Tem de haver cuidado”, sublinha,

Antes do início da época balnear, os serviços regionais da APA procederam à actualização do mapa das praias cuja segurança requer medidas especiais. Nesse sentido, adiantou o responsável regional pelo Ambiente, estão a ser monitorizadas as sete praias que no ano passado foram assoreadas, com destaque para a D. Ana. Em 2017, está previsto um novo investimento, na ordem dos três milhões de euros, para beneficiar mais três praias — Mareta (Sagres), Alvor e Belharucas (Albufeira). Desde que, em 2009, morreram cinco pessoas na praia Maria Luísa (Albufeira), não têm faltado os avisos de perigo de desmoronamento das rochas ao longo do litoral, mas os veraneantes continuam a ignorar a sinaléctica. A actual legislação, diz Sebastião Teixeira, “só permite a aplicação de coimas aos utentes em caso de se tratar de uma zona interdita”.

Em Lagos, a praia D. Ana, considerada a “mais bonita do mundo” pela revista Condé Nast Traveller, continua a receber pessoas que se expõem ao perigo. "23% dos utentes ainda se coloca na faixa de risco”, informa a APA, adiantando, no entanto, que este número representa menos de metade do que sucedia antes de ter havido a intervenção, materializada no alargamento do areal.

A polémica que se verificou na praia D. Ana, aquando da intervenção, deveu-se sobretudo à cor da areia escura, retirada do mar. Com o sol esbateu-se o tom, mas a textura dos grãos de areia, com 5 % de cristais de ferro, mantem-se. Das distinções que esta praia recebeu, por ser bonita - embora não inteiramente segura -, está o prémio TripAdvisor “melhor praia de Portugal”. Ao receber 150 mil metros cúbicos de areia, ganhou espaço e segurança, mas a beleza inicial ficou nos postais ilustrados. A medida estava prevista no Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) desde 1999.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários