Becos e vielas de Ílhavo voltam a ser palco de performances artísticas

Concertos, espectáculos e exposições são algumas das actividades previstas no Festival da Rádio Faneca, que acontece já este fim-de-semana. Uma das novidades deste ano passa pela emissão de uma rádio novela

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No centro histórico da cidade de Ílhavo, está já tudo a postos para o Festival Rádio Faneca, evento cultural que vai já na sua terceira edição e que foi buscar o seu nome e inspiração a uma “emissão radiofónica” que, durante décadas – e dinamizada por um grupo de curiosos - animou o espaço público ilhavense. “Um festival que é feito com e para a comunidade local”, destacou José Pina, director do Centro Cultural de Ílhavo (CCI), organismo que assume, em conjunto com a autarquia, a organização do evento que promete três dias de animação cultural intensa.

Sexta-feira, sábado e domingo, há concertos em palcos e locais inesperados, performances artísticas, exposições, uma sessão de cinema drive in, entre muitas outras actividades. E como não podia deixar de ser, a Rádio Faneca também voltará a fazer-se ouvir apresentando, este ano, uma estreia na sua programação: uma rádio novela. Nada mais, nada menos, do que uma recriação “dessa forma de fazer teatro muito especial: o teatro que se vê com os ouvidos”, evidenciou Graeme Pulleyn, encenador da rádio novela “A mesa”, que será apresentada ao público no sábado, às 20.30 horas, através das ondas hertezianas.

São nove actores amadores que dão voz ao texto que “fala de um jantar muito especial e que acaba por se tornar em algo muito inesperado”, desvendou ainda o encenador, a propósito daquela que é uma das grandes novidades da edição deste ano do festival no qual a comunidade assume o papel de co-organizador e, simultaneaneamente, de protagonista. Exemplos disso são a Orquestra da Bida Airada (que se apresenta ao público na sexta-feira, às 22 horas, no Jardim Henriqueta Maia), constituída por habitantes locais - de todas as idades e com ou sem experiência musical -, e a actividade “Casa Aberta”, na qual os residentes abrem as portas das suas casas para receberem alguns convidados (que têm de estar previamente inscritos).         

Histórias contadas nos becos e vielas
Outra das actividades que comprova a íntima relação deste festival com a comunidade prende-se com a dinamização de visitas encenadas aos becos e vielas do centro histórico. Através da acção “Histórias nas solas dos pés”, o público é levado a partir à descoberta das tradições e costumes dos habitantes locais, que aparecem contadas em três percursos distintos. “Um é dedicado à rádio, outro à Vista Alegre e à sua porcelana, e o terceiro centra-se na pesca do bacalhau”, revelou Vera Alvelos, actriz responsável pela concepção artística destes percursos encenados.  “O que vamos contar são verdades ficcionadas”, destacou ainda a actriz, a propósito da actividade que irá decorrer ao longo dos três dias do festival (de manhã e de tarde, com ponto de partida no Jardim Henriqueta Maia).

E foi também com base nos becos estreitos ilhavenses que surgiu a exposição fotográfica “Becos de Pés 2015”, que também será apresentada nos três dias do festival. Três fotógrafos captaram os rostos e os quotidianos dos moradores do centro histórico de Ílhavo e irão partilhar o resultado final do seu trabalho no espaço público.

Concertos em locais inusitados
As propostas do Festival Rádio Faneca também passam pelos concertos musicais, ainda que alguns ocorram “sob uma perspectiva pouco usual”, destaca a organização, aludindo, concretamente, às actuações nos chamados palcos “inusitados”. Exemplos? Os concertos de Peixe (sábado, às 15.45 horas) e João Gentil (sábado, às 18 horas) na Drogaria Vizinhos - um espaço comercial da cidade que se vai transformar em casa de espectáculos – ou as actuações de JP Simões, Birds are Indie ou Nikki Baray em algumas travessas da cidade (todas elas a acontecerem na tarde de sábado).

Outro dos concertos que integra a programação acontece no Aquário de Bacalhaus do Museu Marítimo de Ílhavo. Na última noite do evento, às 21.30 horas, Samuel Úria divide atenções entre uma plateia de 50 pessoas e os 30 bacalhaus que habitam aquela estrutura da unidade museológica. À mesma hora, e também a fechar a edição deste ano do festival, há uma sessão de cinema drive in, na praça do Centro Cultural de Ílhavo, limitada a 30 viaturas. “Dirty Dancing – Dança Comigo” será o filme a ser exibido.

Os mais novos também não foram esquecidos na edição deste ano, havendo propostas e actividades exclusivamente dedicadas às crianças: ao longo dos três dias do evento, no Jardim Henrique Maia irá jogar-se ao pião, à malha, à corda, à macaca e fazem-se corridas de carrela, entre outras propostas.  

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