Basílio Horta pede a empresários que invistam em Sintra

PS atribui pelouros ao PSD e à CDU, deixando de fora o movimento independente Sintrenses com Marco Almeida, a bem da "governabilidade" municipal.

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O novo presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, apresentou nesta quarta-feira uma mão cheia de medidas que visam poupar os sintrenses do “vendaval de pobreza” que assola o país. A prioridade vai para o combate ao desemprego, para o que se compromete a criar um ambiente “propício ao investimento empresarial”, ou não fosse o recém-empossado autarca ex-presidente da Agência Portuguesa para o Investimento.

Perante as centenas de pessoas que encheram o auditório Jorge Sampaio no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, Basílio Horta apelou aos empresários que invistam no concelho. Em troca, promete criar o Centro Estratégico Empresarial, que funcionará como uma incubadora de empresas ligada a sociedades de capitais de risco, voltada especialmente para o empreendedorismo jovem.

Além disso, o independente eleito pelo PS compromete-se a criar “no mais curto espaço de tempo” um Gabinete de Emergência Social para apoiar casos de extrema pobreza. Para o financiar, será criado um fundo de emergência social, com verbas resultantes da poupança com gastos correntes da câmara, uma medida que mereceu fortes aplausos, também da oposição.

Instalar creches e centros de dia e construir os centros de saúde de Almargem do Bispo, Cacém, Sintra e Queluz são outras prioridades, para as quais se propõe ceder imóveis municipais. Pretende ainda abrir duas casas de juventude e apoiar a cultura, através da constituição de parcerias entre instituições musicais e teatrais do concelho e nacionais e estrangeiras.

Outras propostas são a criação de um Centro Estratégico Ambiental e também a resolução dos problemas das áreas urbanas de génese ilegal e do atraso na entrega da urbanização da Tapada das Mercês.

A ouvi-lo, na primeira fila, esteve o social-democrata Fernando Seara, presidente cessante, que não fez qualquer declaração. Também Diogo Freitas do Amaral, co-fundador do CDS-PP (tal como Basílio Horta) assistiu à cerimónia que deu posse ao novo executivo municipal e à assembleia municipal, agora liderada pelo socialista Domingos Quintas.

Acordo "supreendeu"
Basílio Horta saudou ainda o acordo para a atribuição de pelouros alcançado com a CDU e o PSD, que garantirá a maioria de vereadores (sete) no executivo municipal, assegurando assim a “governabilidade” da câmara. Pedro Pinto, do PSD, foi empossado mas disse à Lusa que irá suspender o mandato.

Embora não estivesse previsto no discurso entregue previamente aos jornalistas, o autarca referiu-se ainda a Marco Almeida, que foi durante 12 anos vice-presidente no executivo de Seara, dizendo que o facto de este não ter pelouros “não significa menos importância no trabalho camarário”.

Durante a tomada de posse, António Capucho, eleito na Assembleia Municipal pelo movimento Sintrenses com Marco Almeida, que tem quatro vereadores na câmara, notou que “muitos se surpreenderam” com o acordo de vereação confirmado nesta quarta-feira, e que o PÚBLICO já tinha noticiado.

“Esperemos que, a bem de Sintra, a situação [da coligação de Governo] a nível nacional não venha a contaminar a governação do nosso concelho”, disse Capucho, antigo presidente da Câmara de Cascais e co-fundador do PSD, partido do qual se desfiliou. O deputado municipal garantiu que os independentes do seu movimento farão uma “oposição construtiva e colaborante”.

A tomada de posse ficou ainda marcada pela indefinição sobre a coligação Sintra Pode Mais, que junta PSD, CDS-PP e MPT. Segundo o presidente cessante da Assembleia Municipal, Ângelo Correia, o CDS-PP informou que se “autonomiza” desta coligação, o que determina a extinção da mesma. Não houve, porém, qualquer esclarecimento – apenas comentários de espanto no seio da plateia.

Num discurso emocionado, Ângelo Correia anunciou que esta foi “certamente a última cerimónia” da sua vida política.

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