Avaria no Estaleiro Naval de Vila do Conde deixa pescadores em terra

Docapesca disse que vai gastar 103 mil euros com uma grua para retirar esta embarcação.

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A embarcação Régio Mar, uma das afectadas pelos problemas na plataforma de elevação dos estaleiros DR - Estaleiros Barreto & Filhos

Uma avaria na plataforma de elevação dos Estaleiros Navais de Azurara, em Vila do Conde, que perdura desde a semana passada, está, segundo as associações do sector, a deixar parados 150 pescadores da região. Pescadores e armadores reclamam uma intervenção urgente do equipamento, garantindo que a situação está a prejudicar cerca de 20 embarcações que não podem entrar nem sair dos estaleiros.

O problema surgiu quando a embarcação Régio Mar encalhou, a 29 de Julho, à saída dos estaleiros, devido a um descarrilamento das rodas da frente da plataforma de elevação, um equipamento com mais de 20 anos, operado pela Docapesca. José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens de Mar, que em conjunto com a Apropesca e a Associação de Armadores de Pesca do Norte se reuniram hoje no local, reclamaram uma intervenção urgente.

"A Docapesca disse que vai gastar 103 mil euros com uma grua para retirar esta embarcação, mas isso não resolve o problema, porque o valor será apenas para tirar este e pôr a plataforma nos carris. O problema poderá acontecer outra vez", disse José Festas. "Além dos cerca de 150 pescadores que estão parados, os estaleiros, que estão a acabar de reparar uns barcos, também não podem trabalhar nos outros, porque os que estão prontos não podem sair para o mar", acrescentou o dirigente.

José Pereira, proprietário do barco encalhado, o Régio Mar, mostrou-se indignado com a falta de resposta por parte da entidade responsável pelos estaleiros, ponderando não voltar a trazer as suas embarcações para Azurara. "Estamos à espera e não temos nenhuma resposta. Pondero não voltar. Se não fizemos vistorias aos barcos temos de pagar multas mas num estaleiro neste estado, ninguém faz nada".

Para Joaquim Moita, dono dos barcos Fátima José e Irmãos Moita, ambos parados no estaleiro e prontos para descer, é a segunda vez que passa por esta situação. "Já há quatro anos fiquei semana e meia parado por causa disto e desde aí nada fizeram, a plataforma está na mesma".

Já José Manuel Carmo, responsável por uma empresa que opera nos Estaleiros Navais de Azurara, salientou os prejuízos para o negócio. "Está a afectar o nosso trabalho, somos quatro estaleiros aqui instalados, esta plataforma foi inaugurada há vinte anos, já subiu e desceu cerca de cinco mil embarcações. São os estaleiros com mais movimento no país e têm tido muito pouca manutenção".

"Esta é a sexta vez que acontece um descarrilamento e nunca foi criado nenhum mecanismo para que isto não se repetisse. Agora já não construímos barcos, vivemos da manutenção e as embarcações têm sempre de passar pela plataforma", acrescentou. José Manuel Carmo adiantou que os seus 20 funcionários têm trabalho para mais três dias e caso a empreitada não se realize, ficam parados.

A plataforma em questão é operada pela Docapesca, que em comunicado garantiu que está a proceder "à imediata resolução do problema técnico", contratando "uma empresa especializada para a intervenção de urgência de remoção da embarcação", que custará 103 mil euros. A Docapesca reconheceu que apesar de "tratar de uma situação técnica imprevisível, a plataforma tem que ser libertada para operação", lamentando "os incómodos causados aos seus clientes por uma situação técnica alheia".

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