Avanca estreia combate de cineastas no ano em que não precisa de autorização para sair de casa

Cinco dias, 60 filmes dos cinco continentes em competição, um total de 80 sessões de cinema.

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Sérgio Azenha

O Avanca 2014 – Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia, do Cineclube de Avanca, atinge a maioridade, estreia um combate saudável de cineastas, exibe filmes produzidos na região de Aveiro, e ainda recebe um reforço de 20 por cento da comparticipação financeira da Câmara de Estarreja, co-organizadora do evento. De 23 a 27 de Julho, 60 filmes dos cinco continentes estarão em competição na iniciativa que terá um total de 80 sessões de cinema e diversas oficinas. Os filmes são exibidos no auditório do Centro Paroquial de Avanca e os workshops decorrem na Escola Básica Professor Doutor Egas Moniz, em Estarreja.

Na 18.ª edição, o festival estreia um “combate de cineastas” convidados para produzir um filme nas ruas, nos campos, com as gentes de Avanca. Veit Helmer e David Lorenz da Alemanha, Michel Denton e Anna McCrickard da Rússia, Adolf El Assal do Egipto, Anne Schiltz do Luxemburgo, Marcin Wasilewski da Polónia, Patrícia Delgado, Joaquim Pavão e Paulo d'Alva de Portugal, estarão juntos nesta jornada que durará quatro dias, mas que deverá prolongar-se no tempo. As equipas serão divididas em projectos de ficção, projectos documentais e projectos de animação, e terão apoio especializado de alguns profissionais do cinema português, como Luís Diogo no argumento e realização, Francisco Vidinha na direcção de fotografia, Álvaro Melo no som directo, Cláudio Jordão na animação 3D e Nelson Martins na produção e pós-produção. Os grupos conhecem-se no dia 23 às seis da tarde e o trabalho começa.

António Costa Valente, director do Cineclube de Avanca, adianta que será um combate de ideias, de criatividade, de experimentação, de narrativas. “O objectivo não é cumprir calendário, é exactamente o contrário. É fazer um primeiro filme que possa ser maturado, de forma a que possa resultar num filme”, refere ao PÚBLICO, acrescentando que o modelo clássico dos workshops é alterado com esta actividade, mantendo a componente formativa. “Os bons filmes surgem se as ideias forem aguerridas, confrontadas”, sublinha. Na manhã do dia 27, serão apresentadas as cenas produzidas pelas equipas.  

O número de filmes que todos os anos vão parar às mãos do Cineclube de Avança não pára de aumentar. Este ano, foram quase 3000 de cerca de 70 países dos cinco continentes. A competição arranca a 23 de Julho com A Minha Casinha da portuguesa Maria Raquel Atalaia, no auditório do Centro Paroquial de Avanca, às 22h00. No programa, estão obras do Irão, Brasil, França, Polónia, México, Rússia, Iraque, Bulgária, entre outros países. E ainda filmes feitos na região de Aveiro, duas longas-metragens e alguns em estreia absoluta, que integram a competição Avanca. “É uma área que tem vindo a crescer”, revela Costa Valente. Das cinco curtas-metragens apresentadas na edição de 2000, na estreia desta competição, este ano há 30 filmes. 

O Avanca não estipula limite de tempo para os filmes apresentados a concurso, mas pede obras inéditas em Portugal, da ficção à animação, do documentário às obras experimentais, passando pelo multimédia. “Queremos que seja um festival sobretudo livre e independente, que tem sido a base do trabalho ao longo de 17 anos. No ano em que deixamos de pedir autorização aos pais para sair de casa, queremos continuar a desenvolver projectos”, diz o director do Cineclube de Avanca.

No programa está ainda a 5.ª edição da Avanca

Cinema – Conferência Internacional de Cinema: Arte, Tecnologia, Comunicação para juntar no mesmo espaço investigadores, académicos, estudantes, realizadores e gente que gosta de cinema. O cinema estará no centro das atenções em cinco dias dedicados à partilha. A intertextualidade no cinema de Tim Burton, o processo criativo, o universo do realizador Abbas Kiarostami são alguns dos temas em análise.

Este ano, a Câmara de Estarreja desembolsou mais dinheiro para o festival dedicado à Sétima Arte. Reforçou a comparticipação em 20 por cento e atribuiu 25 mil euros ao Avanca, além de continuar a apoiar em termos logísticos e de recursos humanos. Diamantino Sabina, presidente da câmara, garante que a iniciativa é um dos eventos âncora da política cultural do município. “O Avanca tem um impacto internacional significativo. É uma referência nacional e internacional. Apostamos na cultura porque é um factor de desenvolvimento social e mesmo económico”, refere o autarca.

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